São Paulo, sexta-feira, 18 de agosto de 2000


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OUTRO LADO
Serpro afirma que não sabia

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A diretoria do Serpro afirma que não sabia que funcionários do órgão participavam da TCPJ Informática e Consultoria, a empresa que assumiu a manutenção dos sistemas informatizados de registro de veículos e carteiras de habilitação, que são conhecidos como Renavam e Renach, respectivamente.
"Não tomamos conhecimento da criação da TCPJ. Só ficamos sabendo depois", afirmou Raimundo Nonato da Costa, assessor da diretoria.
Segundo a diretoria, no momento em que o Serpro ficou sabendo da situação, Tibagy Castilho foi chamado para uma reunião com o presidente da instituição, Sérgio Ribeiro, que foi afastado ontem do cargo pelo ministro Pedro Malan (Fazenda).
Ribeiro teria dito para Castilho optar entre ficar no Serpro ou manter sua mulher na TCPJ.
Embora Ribeiro tenha supostamente pedido para Castilho se afastar da TCPJ, o vice-presidente do Serpro, Wolney Martins, não considerou a situação de Castilho e de João de Deus Gabriel (também sócio da TCPJ e funcionário do Serpro) ilegal.
Segundo Martins, os funcionários do Serpro só não podem trabalhar em empresas que concorrem diretamente com a estatal. Para o vice-presidente do órgão, a TCPJ não poderia ser considerada uma concorrente, pois prestava um serviço que o Serpro estava justamente deixando de prestar.
Segundo Tibagy, a decisão de abrir a TCPJ foi tomada num momento em que ele planejava deixar o Serpro.

Mercado
"Naquele momento, vislumbrei a chance de arriscar no mercado", disse o atual superintendente de Serviços Especiais do Serpro.
Tibagy afirmou que depois pensou melhor e decidiu ficar como funcionário público.
"Sempre fui funcionário público. Pensei que seria melhor ter um passarinho na mão (manter o cargo) que dois voando no mercado", disse ele.
Segundo o funcionário do Serpro, ele não ganhou nenhum dinheiro com a empresa.
"Mas também não perdi", completou ele.
O funcionário afirmou que nunca tentou influenciar na decisão das empresas que seriam contratadas para prestar o serviço, após a retirada do Serpro.
Tibagy chegou a ser consultado pelo Ministério da Justiça sobre que empresas poderiam substituir o Serpro.
A resposta de Tibagy foi que o Serpro não poderia fazer indicações.
João de Deus Gabriel, sócio da TCPJ Informática e Consultoria, disse que o Serpro pediu para ele ficar "mais uns dias" no órgão.
"Eu tinha trabalhos para repassar a outras pessoas", afirmou.
Ele declarou não considerar imoral sua dupla função.
"Na prática, eu não estava trabalhando na empresa (TCPJ), estava como sócio, apenas", declarou João de Deus.


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