São Paulo, domingo, 18 de agosto de 2002

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Duda Mendonça prevê 2º turno contra Ciro

DA REPORTAGEM LOCAL

Os candidatos que vão chegar ao segundo turno da disputa pela Presidência serão conhecidos até 1º de setembro, avalia o publicitário Duda Mendonça, responsável pelo marketing petista.
A campanha eleitoral no rádio e na TV começa na terça-feira. Duda acredita que os seis programas presidenciais das próximas duas semanas, que irão ao ar às terças, quintas e sábados, definirão aqueles que se enfrentarão no segundo turno da eleição presidencial.
"Num quadro normal, o Lula está com a posição assegurada no segundo turno. Resta saber quem será o adversário. No quadro de hoje, para mim seria o Ciro. Se em 15 dias do horário eleitoral não houver mudanças, ficará evidente que o adversário do Lula será o Ciro", disse Duda à Folha.
A tese do publicitário é que a partir de 1º de setembro, na prática, começa o segundo turno, com a reaglutinação de forças políticas e costura de novos apoios que viabilizem uma maioria.
"A TV terá muito impacto na campanha. A eleição está cheia de altos e baixos. O marketing político se consolidou. As equipes estão mais profissionais. Programas de boa qualidade vão aumentar a audiência do horário eleitoral", diz.
Desde o ano passado, as principais lideranças do PT acreditavam e organizavam a campanha do partido pensando que o adversário seria o candidato situacionista, no caso José Serra (PSDB).
Apesar de avaliar que o horário da televisão ainda vai dar a Serra um pequeno impulso eleitoral, a maioria dos dirigentes do partido avalia que o segundo turno será entre Lula e Ciro.
Duda afirma que não tem preferência por enfrentar o candidato do PPS ou o tucano. "Erra quem começa a campanha escolhendo adversário. Ainda mais quem está na frente. O Ciro é problema do Serra, pelo menos nos primeiros 15 dias", declara.
Duda tem gravado os seis primeiros programas de Lula que levará ao ar. Não usará âncoras ou atores. Optará por programas temáticos sobre segurança, emprego, educação e saúde, por exemplo. Busca atingir as classes C e D, mas sendo claro o suficiente para atingir do eleitor mais elitizado ao mais popular. "Em linhas gerais, estamos dizendo como o PT governará o país", declara.
Não pretende atacar Ciro ou Serra. Mesmo o presidente Fernando Henrique Cardoso não será um alvo direto, mas sim o modelo vigente. O programa terá tom emocional, no sentido de tentar transmitir mensagens que atinjam o eleitor. Mas Duda nega que isso signifique ser despolitizado. "Meus programas são políticos e muito fortes. Apenas a forma de mostrar que é diferente. Isso foi assimilado pelo PT."
O publicitário discorda de que seja o responsável pela mudança no discurso de Luiz Inácio Lula da Silva, como frequentemente é acusado. Nesta campanha, o candidato do PT tem evitado o máximo possível de confrontos, de comprometimentos e de ataques, na tentativa de evitar desgastes.
"As pessoas confundem o que é marketing e o que é propaganda. Para o PT, tenho feito mais propaganda do que marketing. Estou trabalhando na forma. No conteúdo não preciso trabalhar. O discurso é de responsabilidade do PT. O que o Lula diz é de responsabilidade do Lula. Às vezes, participo da discussão", diz Duda.
Ele discorda de que a falta de experiência administrativa ou menor nível de escolaridade possam prejudicar a aceitação de Lula pelo eleitorado. "Qual a função do presidente da República? Comandar equipe. Isso o Lula fez a vida inteira e faz há 22 anos no PT", exemplifica.
O publicitário explica as razões que o levaram a dar destaque não só a Lula, como à mulher dele, Marisa, durante a campanha. "As pessoas não conheciam a Marisa, não sabiam que o Lula tem família, é casado há 30 anos com a mesma mulher, que tem netos. Tudo isso, parece que não, mas são sinais de equilíbrio", declara.
Duda não teme impactos negativos para Lula ou positivos para Serra do encontro de amanhã entre os candidatos e FHC. "É necessário. Ninguém pode se negar a encontrar o presidente num momento de uma crise como esta. A crise é maior que o marqueteiro. Se ele está chamando, é porque a barra está pesada", diz. (PLÍNIO FRAGA)


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