São Paulo, domingo, 18 de agosto de 2002

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Escritor é showman dos tucanos

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de pílulas de auto-ajuda ilustrada -com diálogos de Sócrates, garfadas no Platão de "O Banquete" e parábolas zen-budistas-, o palestrante começa a cantar "A Noite do Meu Bem", canção famosa de Dolores Duran. A platéia se comove, "baba", como soprou, quase em transe, uma professora para outra.
O animador do auditório é Gabriel Chalita, 33, 34 livros publicados, secretário de Educação de São Paulo, espécie de conselheiro intelectual do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e da primeira-dama Lúcia Alckmin.
A fertilidade editorial de Chalita, doutor em comunicação e semiótica pela PUC de São Paulo, rendeu volumes sobre filosofia, direito e educação. É um sucesso nas prateleiras de auto-ajuda a trilogia "O livro dos amores", "O livro dos sonhos", "O livro do Sol".
Prestigiado na gestão Alckmin, foi secretário da Juventude, Esporte e Lazer, é conselheiro do Fundo Social de Solidariedade e coordena o programa Universidade Cidadã. Entrou no lugar de Rose Neubauer na Educação.
Chalita é show, como dizem seus colegas de trabalho. Na quarta-feira, a Folha acompanhou uma das suas palestras, em Joanópolis, cidade conhecida no folclore como a "capital do lobisomem", a 115 km da capital.
No encontro com cerca de 500 estudantes e funcionários da área de educação, o secretário tratou do afeto como método de ensino, tema da sua última obra. Com jeito, deu bronca nas professoras ranzinzas e na falta de amor pelo ofício. Comparou a relação com os alunos a um casamento: "No começo, deitam na grama, olham para a Lua e recitam sonetos. Anos depois ficam lá no sofá, vendo Domingão do Faustão".
Chalita fala do trabalho do governo Alckmin e não pede votos. Mas os eventos acabam impregnados pelo clima eleitoral, como em Pindamonhagaba, há dez dias. O prefeito da cidade natal do governador, Vito Ardito (PSDB), pregou pela reeleição do tucano em encontro com educadores.
O prestígio de Chalita no governo empolgou também o prefeito de Joanópolis, Ari Cardoso (PFL), que elogiou a gestão Alckmin em palestra do secretário na cidade.
O show de Chalita, no entanto, encobriu qualquer possibilidade de gesto eleitoreiro para a platéia. Foi um frenesi o momento em que cantou. "Esta música é cheia de metáforas, peço que vocês se levantem ao ouvir o verso que mais gostarem", recomendou.
"Hoje eu quero a rosa mais linda que houver", entoou o sucesso de Dolores Duran. "E a primeira estrela que vier/ Para enfeitar a noite do meu bem". A cada verso, uma "ola" tomava conta do pátio do colégio de Joanópolis.
(XICO SÁ)


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