São Paulo, domingo, 18 de agosto de 2002

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OUTRO LADO

Chalita diz investir em professores

DA REPORTAGEM LOCAL

Para o secretário da Educação, Gabriel Chalita, o aumento do gasto da sua pasta com viagens deve-se ao investimento que está sendo feito nos professores. As palestras são parte importante dessa capacitação, diz ele. A seguir os principais trechos da entrevista:

 

Folha- O sr. acha necessário usar jatinhos e helicópteros para viagens de 100 quilômetros?
Gabriel Chalita -
É permitido. Para algumas cidades, vou de carro, dependendo dos eventos daqui e de lá. A FDE tem a previsibilidade estatutária de que, em um Estado com o tamanho e a quantidade de escolas de São Paulo, você possa valer-se de vários tipos de transporte.

Folha - Mas é necessário?
Chalita -
Eu acho que sim. Acho não, tenho certeza. Quando não é, a gente vai de carro. De repente você perde tanto tempo de carro que poderia ter dado três palestras. E é um momento tão importante -resgatar a auto-estima do professor- que eu acho que vale a pena. Eu perguntei para secretários daqui e de outros Estados. É uma coisa comum.

Folha - Mesmo sem licitação?
Chalita -
É, se você pegar o mesmo preço praticado pelo Palácio [dos Bandeirantes]. Agora já tem licitação. Abre-se o processo de licitação e, durante esse tempo, você vai utilizando os mesmos valores pagos por outros órgãos públicos.

Folha - No entendimento do TCE, trata-se de licitação fracionada, o que não é permitido.
Chalita -
O Tribunal foi consultado [mais tarde, o secretário ligou para Folha e retificou a afirmativa, dizendo que o órgão não fora consultado].

Folha - O valor empenhado para gastos com aeronave salta de R$ 60 mil para R$ 668 mil comparando-se o primeiro semestre de 2000 com o deste ano.
Chalita -
Mas a Rose não saía para visitar. Não acho relevante essa questão num orçamento de R$ 9 bilhões [por ano, para a Secretaria de Educação]. Todos os dados financeiros cresceram nesta visão de investimento maior em capacitação.

Folha - Numa palestra sua, em Pindamonhangaba, o prefeito pediu votos para o governador.
Chalita -
Peço para os prefeitos não falarem nada. Não deixo nenhum candidato a deputado utilizar a palavra, a não ser que seja o deputado da região, de qualquer partido. Em nenhum momento peço voto para o governador. Eu não aceito participar de nenhuma reunião para aproveitar a viagem.

Folha - Em Taubaté, depois de uma palestra, o senhor fez um lançamento de livro.
Chalita -
Não foi bem um lançamento. Dei palestra na Unitau e o pessoal do diretório perguntou se eles poderiam levar o livro para vender e ficar com a percentagem que eu ganharia.

Folha - Quando recebe convites para palestras, preocupa-se com a filiação do anfitrião?
Chalita -
Não.

Folha - Mas sua agenda registra menção ao partido do dono da Universidade de Guarulhos.
Chalita -
Ia ter uma palestra, mas foi adiada [com a agenda]. Ah... Antonio Veronese, dono da Universidade e presidente do PFL de Guarulhos. Acho que é a única faculdade que colocaram que ele é o presidente do PFL. O convite não foi nem dele, foi de um professor.

Folha - Sua nomeação é tida como um grande gol pré-eleitoral do governador. Como é ser um "embaixador" de Alckmin?
Gabriel Chalita -
Os educadores não vêem isso [palestras] como discurso pré-eleitoral. Eu já era assim antes de ser secretário. (GA e AM)


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