DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, ontem, que a reforma agrária não será feita "na marra" no país, ao comentar ameaças de líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
"Nem os sem-terra vão fazer reforma agrária na marra, porque este país tem regras -valem para o presidente e valem para eles-, como nem o presidente vai fazer o que quer", afirmou Lula.
Ao ser lembrado da declaração do líder sem-terra João Pedro Stédile de que a luta pela reforma pode se dar na base do mil contra um, Lula disse: "Meu caro, eu vou contar uma coisa para você -na marra ninguém faz nada".
Durante a entrevista, Lula anunciou que neste ano o programa Fome Zero estará beneficiando 3,6 milhões de famílias. O número está bem distante do resultado anunciado na semana passada. Segundo o Ministério de Segurança Alimentar, 298.267 famílias haviam sido cadastradas em 377 municípios para receber os R$ 50 do cartão-alimentação. Parte delas já recebe o dinheiro.
O número de Lula pode estar considerando o efeito da integração de programas sociais, a chamada unificação. Parte das famílias pobres atendidas por outros programas de transferência de renda, como o Bolsa-Escola, o Bolsa-Alimentação e o Vale-Gás, passarão a receber pelo menos os R$ 50 do Fome Zero.
O presidente voltou a destacar que um dos principais objetivos da reforma da Previdência, aprovada na semana passada em primeiro turno pela Câmara, é garantir que "daqui a 20, 30 anos as pessoas tenham o direito de receber sua aposentadoria".
Criticado por adotar políticas do governo anterior, como a econômica, Lula afirmou que não esquece suas promessas. "Em nenhum momento eu esqueço cada compromisso que eu tenho."
O presidente disse também ser contra a reeleição, mas afirmou que o período de quatro anos é pouco para colocar em prática todo o programa de governo.
A entrevista foi feita no Palácio da Alvorada, que, segundo a primeira-dama Marisa, está sendo preparado para visitação pública.



Texto Anterior: Acampamento no Sul já tem 3.000 pessoas
Próximo Texto: Esquerda no divã: Conflitos deverão barrar Alca, diz cientista
Índice