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PERSONALIDADE
Como deputado, ele ajudou a organizar o MDB no país, mas aderiu ao PDS em 1982
Thales Ramalho morre em Recife aos 81 anos
DA AGÊNCIA FOLHA
DO BANCO DE DADOS
O ex-deputado federal e ex-secretário-geral do extinto MDB
(Movimento Democrático Brasileiro) Thales Ramalho morreu na
manhã do último domingo, em
Recife (PE), aos 81 anos, de parada cardiorrespiratória. Ele deixa
mulher, uma filha e duas netas.
Em 2001, ele sofreu um derrame
que afetou sua capacidade de falar. Desde então, permanecia recluso. Thales foi enterrado na tarde de domingo, em Recife. Compareceram ao velório o senador
Marco Maciel (PFL-PE), o presidente da Infraero, Carlos Wilson,
e o ex-ministro da Justiça Fernando Lyra, que esteve com ele pela
última vez em novembro: "Ele
apenas balbuciava as palavras,
mas estava lúcido", disse.
Thales Bezerra de Albuquerque
Ramalho nasceu na cidade da Paraíba, atual João Pessoa (PB), em
7 de julho de 1923, mas acabou fazendo os estudos no Rio Grande
do Norte, Ceará e Pernambuco,
onde ele se formou em direito.
Em 1954, ele participou da campanha de Cordeiro de Farias ao
governo de Pernambuco pelo
PSD (Partido Social Democrático), do qual foi secretário de Governo (1958-1959). Concorreu a
deputado estadual pelo PSD em
1962. Obteve a primeira suplência, mas conseguiu exercer o
mandato. Após a extinção dos
partidos pela ditadura militar, em
1965, Thales filiou-se ao MDB, de
oposição, pelo qual foi eleito deputado federal em 1966, reelegendo-se em 1970, 1974 e 1978.
Em 1972, sofreu um derrame cerebral, que deixou paralisado o lado esquerdo de seu corpo, mas logo retomou suas atividades legislativas. Em 1974, foi escolhido secretário-geral do MDB naquele
mesmo ano. Assumiu a liderança
da facção moderada do partido,
em oposição aos "autênticos",
que faziam uma oposição mais
combativa. Colaborou com a organização do partido no país, que
passou de 701 diretórios municipais para mais de 3.000. Em 1975,
discutiu a questão da anistia com
o ministro Golbery do Couto e Silva. No ano seguinte, sofreu um
acidente que piorou sua condição
física, já abalada pelo derrame.
Manteve um luta paralela em favor dos deficientes físicos, em razão de sua condição de usuário de
cadeira de rodas. Em 1978, conseguiu aprovar a emenda constitucional número 12, que assegurava
vários direitos aos deficientes.
Criticado pelos "autênticos"
(como seu correligionário Jarbas
Vasconcelos), que pediam seu
afastamento da Secretaria Geral,
acabou deixando o MDB após a
reforma política de 1979, participando da formação do PP (Partido Popular), ao lado de Tancredo
Neves e Magalhães Pinto. Quando
o PP se fundiu com o PMDB, em
1982, Thales se filiou ao PDS (Partido Democrático Social), que
apoiava o regime militar. Conseguiu ser reeleito deputado.
Ausentou-se na votação da
emenda das diretas-já, em 1984,
contribuindo para impedir sua
aprovação. No Colégio Eleitoral,
acabou votando na chapa Tancredo Neves e José Sarney. Após a
morte de Tancredo, em abril de
1985, Sarney o convidou para
ocupar o cargo de ministro do
Tribunal de Contas da União.
Em março de 1988, foi nomeado
assessor especial da Presidência,
encarregado de negociar projetos
de interesse do governo no Congresso constituinte, como a aprovação dos cinco anos de mandato
para Sarney. Em 1992, atuou a favor de Fernando Collor de Mello
durante o processo de impeachment, mas não conseguiu impedir seu afastamento pela Câmara
e sua posterior renúncia. Após esse fracasso, ele voltou a Recife.
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