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"CONFIDÊNCIA"
Presidente brasileiro disse a colega da Costa Rica que viajou ao Gabão para aprender como obter reeleições
Lula brinca sobre "ficar 37 anos no poder"
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A SANTO DOMINGO
No momento em que a reeleição
de Luiz Inácio Lula da Silva é debatida por deputados e ministros,
o presidente disse ao seu colega da
Costa Rica, em tom de descontração, que ele "viajou ao Gabão para
aprender como um presidente
consegue ficar 37 anos no poder".
Mais tarde, falando de improviso a cerca de 80 brasileiros que vivem na República Dominicana,
Lula disse que hoje pode "sorrir
um pouco" após um primeiro
ano de governo com "muitas dificuldades": "A situação do Brasil
está... finalmente eu posso sorrir
um pouco, porque nós passamos
um primeiro ano com muitas dificuldades, mas sabíamos que era
difícil, porque, se estivessem as
coisas boas, nós não teríamos ganho as eleições. Nós só ganhamos
exatamente porque as coisas estavam muito ruins", disse ontem.
Pouco antes desse encontro, Lula havia se reunido com o presidente costarriquenho Abel Pacheco de la Espriella. Num momento de descontração, segundo
a assessoria da Presidência, Lula
disse ao colega: "Agora eu fui a
uma viagem ao Gabão aprender
como um presidente consegue ficar 37 anos no poder e ainda se
candidatar à reeleição". O tema da
reeleição de Lula em 2006 é tratado como prioridade tanto pelo
ministro José Dirceu (Casa Civil)
como pelo presidente da Câmara,
João Paulo Cunha (PT-SP).
No final do mês passado, em encontro com agricultores no Planalto, Lula também mencionou o
assunto: "Pô, o Lulinha só tem um
ano e meio de governo, e os caras
[oposição] ficam me cobrando.
Lá na África tem presidente que
está há 30 anos no cargo [no caso,
Omar Bongo, do Gabão, há 37
anos no cargo]. Mas, se alguém
reclamar por lá, é pau", disse, segundo relatos feitos à Folha por
pessoas presentes ao evento. Lula
esteve no Gabão no final de julho.
Ontem, no discurso aos brasileiros, Lula falou sobre a iniciativa
brasileira de integrar "fisicamente" toda a América do Sul até o final do ano, de buscar novas parcerias na América Latina e no Caribe e sobre o papel que teve na
realização do referendo na Venezuela, afirmando que teve de jogar "muitas pelejas" com os EUA
e com o governo de Hugo Chávez.
"No Brasil tem uma parte das
pessoas, que não depende da minha vontade, que tem a cabeça colonizada. Lamentavelmente é assim", disse, no momento em que
citava a importância de respeitar,
mas de cabeça erguida, os Estados
Unidos e a União Européia. Pouco antes, disse que o Brasil muitas
vezes não teve "coragem" de buscar seus direitos na OMC (Organização Mundial do Comércio).
No início do mês, Lula já havia
feito tal crítica um dia após o presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) ter ironizado as
negociações que entrem em confronto com os norte-americanos.
À época, Lula disse: "Não falta, no
Brasil, pessoas com mentalidades
subalternas, achando que nós
precisamos depender das políticas que os países ricos fazem."
Ontem pela manhã, Lula assinou documento que deu início às
negociações para criar uma zona
de livre comércio entre América
Central, Caribe e América do Sul.
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