São Paulo, quarta-feira, 18 de agosto de 2004

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Em nota, "Veja" contesta capa da "IstoÉ"

DA REPORTAGEM LOCAL

A revista "Veja" contestou ontem, em nota em sua página na internet, a reportagem de capa da "IstoÉ" desta semana. A "IstoÉ" traz um artigo em que o jornalista Luís [Lula] Costa Pinto acusa a revista "Veja", na qual trabalhou, de ter sustentado, há 11 anos, um erro que teria contribuído com a cassação do mandato do ex-presidente da Câmara Ibsen Pinheiro (PMDB-RS): um equívoco na conversão, diz, transformou US$ 1.000 em US$ 1 milhão.
Em sua resposta na internet, a revista mostra que a capa da "IstoÉ" daquela semana (17/11/93) trazia o mesmo título ("Até tu, Ibsen?"). E acusa os funcionários da revista de estarem "tão ocupados com aspectos pecuniários" que a ""IstoÉ" esqueceu o que escreveu".
"A revista "IstoÉ" esqueceu também de corrigir o erro. Nunca o corrigiu. A "Veja" se corrigiu na edição seguinte", diz a nota, referindo-se à reportagem de 24 de novembro de 1993, com o subtítulo "CPI erra na conta de Ibsen Pinheiro, mas ainda existem US$ 230 mil inexplicados".
Procurada pela Folha, "IstoÉ" limitou-se a informar que "Helio Campos Mello, diretor de Redação, está analisando" o caso.
Ainda em sua nota, alterada em alguns detalhes durante a noite, a "Veja" aponta duas motivações para Costa Pinto, a quem chama de "marqueteiro, consultor do PT e ex-jornalista": financeira ("Sabe-se que Costa Pinto trabalhou em um livro de Ibsen Pinheiro") ou política. No último caso, Costa Pinto -cuja empresa é contratada pela presidência da Câmara- estaria defendendo o Conselho Federal de Jornalismo.
"Repilo qualquer associação", reagiu Costa Pinto, explicando ter uma empresa de consultoria com variedade de clientes. "Por sorte, escrevi artigos condenando esse conselho antes de saber da publicação do artigo pela "IstoÉ'".
O jornalista frisou que não considera a "Veja" responsável pela cassação do mandato de Ibsen. "O processo do Ibsen foi político. A "Veja" ajudou a formar uma opinião. E, dentro da "Veja", ajudei a formar essa opinião", disse. "Não fui o único a errar. Mas fui um dos únicos a reconhecer o erro. O processo foi político e o que fiz foi reconhecer um erro meu."

Checagem
Citado por Costa Pinto como o funcionário que detectou o erro na reportagem sobre Ibsen, o então chefe da equipe de checagem da "Veja", Adam Sun, rebate o teor do artigo.
Segundo Sun, os dois cheques apresentados por Costa Pinto foram excluídos da reportagem após constatar-se que somavam US$ 600 (um de US$ 250 e outro de US$ 350), e não US$ 600 mil, como descrito no relatório do jornalista. O US$ 1 milhão usado pela "Veja" era, na sua versão, produto de outra movimentação financeira: "Efetivamente não há referência a esses cheques tanto na capa como no texto interno. Não haveria outro jeito: uma vez detectado o erro, faz-se a correção."
Ibsen Pinheiro não quis comentar a resposta da revista "Veja". Mas, a exemplo de Lula, negou que tenha contratado o jornalista para a redação de sua biografia.


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