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MÍDIA E PODER
Jornalista Luis Costa Pinto assina contrato de trabalho com Coca-Cola
Assessor da Câmara atua para empresa
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O jornalista Luis Costa Pinto,
que exerce desde o início de 2003
a função de consultor do presidente da Câmara dos Deputados,
João Paulo Cunha (PT), foi contratado pela Coca-Coca no final
do ano passado para atuar em defesa da empresa no Congresso.
Entre outras tarefas, Costa Pinto
propõe, segundo documento obtido pela Folha, que sua empresa
de consultoria, a Idéias, Fatos e
Texto, converse com parlamentares para defender a Coca Cola de
"falsas denúncias" de que estaria
sendo alvo no Congresso e, além
disso, monitore os trabalhos da
Comissão Permanente de Defesa
dos Direitos do Consumidor para
atender as demandas da empresa.
Costa Pinto recebeu da Recofarma, nome jurídico da Coca-Coca
no Brasil, R$ 60 mil nos meses de
novembro e dezembro de 2003,
segundo ele próprio afirmou em
entrevista à Folha, ontem.
Embora não seja funcionário
contratado da Câmara e receba
por uma microempresa, Costa
Pinto é o principal assessor de imprensa de João Paulo. Mantém
contatos diários com colunistas,
diretores das sucursais de jornais
e revistas e repórteres que atuam
no Congresso.
"Acompanhamento do caso
junto aos repórteres que cobrem a
rotina da Secretaria de Direito
Econômico. Panorama da circulação das falsas denúncias no
Congresso", diz o texto que traz
assinatura atribuída a Costa Pinto
e enviado a Jack Corrêa, funcionário da Coca-Cola. O jornalista
colocou ontem em dúvida a totalidade do documento em que discute a sua contratação.
Costa Pinto disse que trocou
mensagens com Corrêa. Primeiro
afirmou que "não reconhecia"
trechos do documento lido ontem
pela Folha. Depois, que não se
lembrava de todo o conteúdo.
Pinto aceitou como "correto" o
seguinte trecho: "O objetivo [da
contratação] é manter uma fina
sintonia com os formadores de
opinião da mídia sobre as falsas
denúncias que estão a chegar nas
redações de São Paulo e Rio de Janeiro e que envolvem o nome da
Coca-Cola e de empresas a ela ligadas. Além disso, estreitar o relacionamento desses formadores
de opinião da mídia com a direção da empresa".
O documento obtido pela Folha
é o mesmo que foi entregue pela
Dolly Refrigerantes ao Ministério
Público do Distrito federal, que o
anexou ao procedimento administrativo que apura suposta concorrência desleal da Coca-Cola.
As duas empresas travam uma
acirrada disputa comercial.
Na época da contratação do jornalista pela Coca-Cola, a Câmara
discutia um convite ao presidente
da empresa no Brasil, Brian
Smith, para depoimento na Comissão Permanente de Defesa do
Consumidor. O executivo participou de audiência pública na Câmara em junho último.
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