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CONEXÃO RIBEIRÃO
Rogério Buratti é acusado de tentar destruir documentos
Suspeito de lavar dinheiro, ex-assessor de Palocci é preso
MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO
O advogado Rogério Tadeu Buratti, 42, ex-assessor de Antonio
Palocci Filho (PT) na Prefeitura
de Ribeirão Preto, foi preso ontem e encaminhado ao CDP
(Centro de Detenção Provisória)
da cidade. Ele é acusado pelo Ministério Público Estadual de lavagem de dinheiro e formação de
quadrilha num esquema de compra e venda de fazendas e de duas
empresas de ônibus.
Segundo os promotores, Buratti
foi flagrado em grampo telefônico
dando ordens ao corretor Claudinet Mauad, de São Joaquim da
Barra (SP), para destruir supostas
provas dos negócios. Mauad, que
seria o operador do advogado,
também foi preso.
Buratti chegou bem-humorado
ontem à tarde à delegacia seccional para ser ouvido em outro inquérito: o que apura a existência
de um suposto esquema de fraudes em licitações de limpeza pública em São Paulo e em Minas
Gerais. Ele foi ouvido e indiciado.
Hoje ele deve ser interrogado sobre o caso que levou à sua prisão.
O promotor Sebastião Sérgio da
Silveira afirma que as escutas
mostram que Buratti comprou
recentemente duas empresas de
ônibus, de nome Fadel e avaliadas
em R$ 2,6 milhões, em Rancharia
e Presidente Venceslau (SP).
"Com interceptações telefônicas, comprovamos que [Buratti]
estava tentando destruir provas",
afirmou Silveira, um dos cinco
promotores que acompanharam
o depoimento de três horas do advogado. A prisão temporária foi
deferida pelo juiz Luís Augusto
Freire Teotônio, da Vara de Execuções Criminais de Ribeirão.
Segundo o promotor, Buratti e o
corretor tentaram destruir contratos de venda de imóveis e cheques. Mauad estaria com contratos de gaveta, encontrados após
busca na casa dele -quando
também foram achados os papéis
das empresas de ônibus.
Buratti, que declarou possuir
um patrimônio de R$ 1,2 milhão,
fez várias transações nos últimos
três anos, segundo a Promotoria:
de uma fazenda em Ituverava,
avaliada em R$ 280 mil, passou
para outra, em Pedregulho, de R$
600 mil. Depois, trocou por uma
em Buritizal, de R$ 1,2 milhão,
que entrou no negócio das empresas de ônibus. Os negócios teriam sido pagos à vista.
"Ele [Buratti] declarou que realmente adquiriu a empresa, só que
por R$ 200 mil, mas nos documentos que apreendemos consta
a transação por volta de R$ 2,6
milhões", disse o promotor Aroldo Costa Filho. Esses contratos seriam evidências da lavagem de dinheiro. "Todos os contratos que
encontramos eram de gaveta." A
troca das fazendas pelas empresas
de ônibus seria outro indício da
lavagem, na opinião dele.
A Folha fez contato por telefone
com as empresas em Rancharia e
Presidente Venceslau, mas foi informada de que os gerentes só poderiam falar hoje. Roberto Telhada, advogado de Buratti, classificou a prisão de "desnecessária".
Buratti não deu declarações.
A prisão temporária foi decretada por cinco dias, prorrogável por
mais cinco. Depois, Buratti só
continuará preso se for concedida
prisão preventiva (30 dias).
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