São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2005

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CONEXÃO RIBEIRÃO

Rogério Buratti é acusado de tentar destruir documentos

Suspeito de lavar dinheiro, ex-assessor de Palocci é preso

MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO

O advogado Rogério Tadeu Buratti, 42, ex-assessor de Antonio Palocci Filho (PT) na Prefeitura de Ribeirão Preto, foi preso ontem e encaminhado ao CDP (Centro de Detenção Provisória) da cidade. Ele é acusado pelo Ministério Público Estadual de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha num esquema de compra e venda de fazendas e de duas empresas de ônibus.
Segundo os promotores, Buratti foi flagrado em grampo telefônico dando ordens ao corretor Claudinet Mauad, de São Joaquim da Barra (SP), para destruir supostas provas dos negócios. Mauad, que seria o operador do advogado, também foi preso.
Buratti chegou bem-humorado ontem à tarde à delegacia seccional para ser ouvido em outro inquérito: o que apura a existência de um suposto esquema de fraudes em licitações de limpeza pública em São Paulo e em Minas Gerais. Ele foi ouvido e indiciado. Hoje ele deve ser interrogado sobre o caso que levou à sua prisão.
O promotor Sebastião Sérgio da Silveira afirma que as escutas mostram que Buratti comprou recentemente duas empresas de ônibus, de nome Fadel e avaliadas em R$ 2,6 milhões, em Rancharia e Presidente Venceslau (SP).
"Com interceptações telefônicas, comprovamos que [Buratti] estava tentando destruir provas", afirmou Silveira, um dos cinco promotores que acompanharam o depoimento de três horas do advogado. A prisão temporária foi deferida pelo juiz Luís Augusto Freire Teotônio, da Vara de Execuções Criminais de Ribeirão.
Segundo o promotor, Buratti e o corretor tentaram destruir contratos de venda de imóveis e cheques. Mauad estaria com contratos de gaveta, encontrados após busca na casa dele -quando também foram achados os papéis das empresas de ônibus.
Buratti, que declarou possuir um patrimônio de R$ 1,2 milhão, fez várias transações nos últimos três anos, segundo a Promotoria: de uma fazenda em Ituverava, avaliada em R$ 280 mil, passou para outra, em Pedregulho, de R$ 600 mil. Depois, trocou por uma em Buritizal, de R$ 1,2 milhão, que entrou no negócio das empresas de ônibus. Os negócios teriam sido pagos à vista.
"Ele [Buratti] declarou que realmente adquiriu a empresa, só que por R$ 200 mil, mas nos documentos que apreendemos consta a transação por volta de R$ 2,6 milhões", disse o promotor Aroldo Costa Filho. Esses contratos seriam evidências da lavagem de dinheiro. "Todos os contratos que encontramos eram de gaveta." A troca das fazendas pelas empresas de ônibus seria outro indício da lavagem, na opinião dele.
A Folha fez contato por telefone com as empresas em Rancharia e Presidente Venceslau, mas foi informada de que os gerentes só poderiam falar hoje. Roberto Telhada, advogado de Buratti, classificou a prisão de "desnecessária". Buratti não deu declarações.
A prisão temporária foi decretada por cinco dias, prorrogável por mais cinco. Depois, Buratti só continuará preso se for concedida prisão preventiva (30 dias).


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