São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2005

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SAÚDE

Vice-presidente foi submetido ontem, em São Paulo, a uma angioplastia

Estado de Alencar é bom após cirurgia no coração

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, foi submetido ontem, em São Paulo, a um exame de cateterismo cardíaco e passou por uma angioplastia, com colocação de "stent" (suporte) numa das artérias do coração. A situação dele, segundo os médicos, é boa.
Com a voz firme e insistindo em sair logo do hospital Sírio-Libanês, Alencar disse ontem à Folha por telefone, horas depois de fazer a cirurgia, que estava conformado. "É da vida. A estrada tem descida, subida, curvas, obstáculos. Eu enfrento com serenidade e firmeza", disse o vice-presidente.
Ele contou que não tomou anestesia geral e que assistiu a todo o procedimento por uma "televisão" que havia na sala de cirurgia. Sua preocupação era negociar com os médicos para deixar o hospital antes das 48 horas que eles exigiam para a recuperação e "voltar para casa e ao trabalho".
"Eles falam em 48 horas, mas eu acho que em 24 horas eu saio daqui", disse. A seu lado, um assessor falou de forma audível: "Um pouquinho mais". E ele, rindo: "Umas 25 horas, então".
Esforçando-se para mostrar que estava forte e sentindo-se bem, Alencar disse que pretende ficar até domingo em São Paulo, onde quer participar amanhã do jantar em homenagem ao filho, o empresário Josué Gomes da Silva, da Coteminas, que assume a presidência do Iedi (Instituto de Estudos de Desenvolvimento Industrial) na próxima segunda-feira.
O jantar, ao qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá comparecer, será na casa do atual presidente do Iedi, Ivoncy Ioschpe. Ontem, Lula estava no interior da Bahia. Às 16h, Alencar disse achar que o presidente ainda não sabia de sua cirurgia.
"Se Deus quiser", Alencar pretende voltar para Brasília no domingo, pronto para reassumir as funções já no dia seguinte: "Como vou ficar parado na quarta [ontem], na quinta e na sexta, me vejo obrigado a trabalhar mais na semana que vem, para compensar".
Ele contou que já foi operado às vésperas do Natal de 1997, para retirar um tumor maligno do estômago, também no hospital Sírio-Libanês. Recuperou-se rapidamente e já em 1998 concorreu ao Senado, sendo eleito com cerca de 3 milhões de votos.
Até por causa dessa operação, ele faz check-up regularmente em São Paulo. Desta vez, disse que a checagem foi mais detalhada, a ponto de chamá-la de "sabatina geral": "Envolveu tudo, estômago, vias respiratórias, tudo".
Foi neste exame que os médicos detectaram uma isquemia no coração (insuficiência de irrigação sangüínea) e decidiram fazer um cateterismo (inserção de um cateter nas veias cardíacas, para investigar a existência de coágulos ou outros problemas).
"Obstrução parcial é muito normal na minha idade", disse Alencar. Quando a Folha lhe perguntou quantos anos tem, respondeu: "Sete três. E eu falo assim, em vez de 73, para você não pensar que são 43", brincou.
O exame de cateterismo confirmou obstrução de uma veia e, em seguida, foi feita a angioplastia (para desobstrução da veia), com implantação de "stent" (espécie de bastão para garantir o fluxo sangüíneo). O procedimento cirúrgico durou uma hora.
Apesar de toda a crise política e da tensão do governo com as investigações de três CPIs, o vice-presidente descartou que seu problema tenha origem emocional.
"Não acredito, não. Pelo que os médicos me disseram, não é nada emocional. É normal mesmo ter isso na minha idade", relatou.
Apesar da ressalva, ele admitiu que fica "muito indignado", por um lado, e "muito emocionado", por outro, com todas as denúncias atuais. Alencar é o primeiro na linha de sucessão de Lula.


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