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SAÚDE
Vice-presidente foi submetido ontem, em São Paulo, a uma angioplastia
Estado de Alencar é bom após cirurgia no coração
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O vice-presidente da República
e ministro da Defesa, José Alencar, foi submetido ontem, em São
Paulo, a um exame de cateterismo
cardíaco e passou por uma angioplastia, com colocação de "stent"
(suporte) numa das artérias do
coração. A situação dele, segundo
os médicos, é boa.
Com a voz firme e insistindo em
sair logo do hospital Sírio-Libanês, Alencar disse ontem à Folha
por telefone, horas depois de fazer
a cirurgia, que estava conformado. "É da vida. A estrada tem descida, subida, curvas, obstáculos.
Eu enfrento com serenidade e firmeza", disse o vice-presidente.
Ele contou que não tomou anestesia geral e que assistiu a todo o
procedimento por uma "televisão" que havia na sala de cirurgia.
Sua preocupação era negociar
com os médicos para deixar o
hospital antes das 48 horas que
eles exigiam para a recuperação e
"voltar para casa e ao trabalho".
"Eles falam em 48 horas, mas eu
acho que em 24 horas eu saio daqui", disse. A seu lado, um assessor falou de forma audível: "Um
pouquinho mais". E ele, rindo:
"Umas 25 horas, então".
Esforçando-se para mostrar que
estava forte e sentindo-se bem,
Alencar disse que pretende ficar
até domingo em São Paulo, onde
quer participar amanhã do jantar
em homenagem ao filho, o empresário Josué Gomes da Silva, da
Coteminas, que assume a presidência do Iedi (Instituto de Estudos de Desenvolvimento Industrial) na próxima segunda-feira.
O jantar, ao qual o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva deverá
comparecer, será na casa do atual
presidente do Iedi, Ivoncy Ioschpe. Ontem, Lula estava no interior
da Bahia. Às 16h, Alencar disse
achar que o presidente ainda não
sabia de sua cirurgia.
"Se Deus quiser", Alencar pretende voltar para Brasília no domingo, pronto para reassumir as
funções já no dia seguinte: "Como
vou ficar parado na quarta [ontem], na quinta e na sexta, me vejo
obrigado a trabalhar mais na semana que vem, para compensar".
Ele contou que já foi operado às
vésperas do Natal de 1997, para
retirar um tumor maligno do estômago, também no hospital Sírio-Libanês. Recuperou-se rapidamente e já em 1998 concorreu
ao Senado, sendo eleito com cerca
de 3 milhões de votos.
Até por causa dessa operação,
ele faz check-up regularmente em
São Paulo. Desta vez, disse que a
checagem foi mais detalhada, a
ponto de chamá-la de "sabatina
geral": "Envolveu tudo, estômago, vias respiratórias, tudo".
Foi neste exame que os médicos
detectaram uma isquemia no coração (insuficiência de irrigação
sangüínea) e decidiram fazer um
cateterismo (inserção de um cateter nas veias cardíacas, para investigar a existência de coágulos ou
outros problemas).
"Obstrução parcial é muito normal na minha idade", disse Alencar. Quando a Folha lhe perguntou quantos anos tem, respondeu:
"Sete três. E eu falo assim, em vez
de 73, para você não pensar que
são 43", brincou.
O exame de cateterismo confirmou obstrução de uma veia e, em
seguida, foi feita a angioplastia
(para desobstrução da veia), com
implantação de "stent" (espécie
de bastão para garantir o fluxo
sangüíneo). O procedimento cirúrgico durou uma hora.
Apesar de toda a crise política e
da tensão do governo com as investigações de três CPIs, o vice-presidente descartou que seu problema tenha origem emocional.
"Não acredito, não. Pelo que os
médicos me disseram, não é nada
emocional. É normal mesmo ter
isso na minha idade", relatou.
Apesar da ressalva, ele admitiu
que fica "muito indignado", por
um lado, e "muito emocionado",
por outro, com todas as denúncias atuais. Alencar é o primeiro
na linha de sucessão de Lula.
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