São Paulo, sexta-feira, 18 de agosto de 2006

Próximo Texto | Índice

Painel

Renata Lo Prete
painel@uol.com.br

Foco de tensão

Mais do que a ausência de símbolos e cores do partido no programa eleitoral de Lula, o quem vem tirando o sono de dirigentes do PT é o plano que começa a ganhar força no Palácio do Planalto de enxugar a máquina administrativa num eventual segundo mandato.
Setores do governo discutem a diminuição das estruturas das secretarias especiais, como as de Política para as Mulheres e Igualdade Racial, hoje com status de ministérios. Uma das propostas é transformá-las em coordenadorias subordinadas a uma só pasta.
Para petistas, as medidas abalariam sua relação com entidades que atuam nas áreas contempladas pelos órgãos. Mas a grita no partido pode ser lida de outra maneira: enxugamento significa perda de cargos.

Contramão. Enquanto Lula se dissocia do PT, candidatos da sigla nos Estados querem mais é colar no presidente. Na Bahia, quem busca vaga na Câmara é apresentado como parte do "time de Lula".

Grude. No Estado onde já supera os 70% nas pesquisas, Lula está até no slogan do candidato ao governo: "Humberto + Lula. Bom para o Brasil. Melhor para Pernambuco".

Para todos. O presidente não está sendo usado só por Humberto Costa e Eduardo Campos (PSB). Líder na sucessão estadual, Mendonça Filho (PFL) levou ao ar elogios de Lula ao seu aliado Jarbas Vasconcelos (PMDB).

Compulsório. Para evitar o desembarque da campanha de Geraldo Alckmin, os presidentes do PSDB e PFL vão dar ordens expressas para que os candidatos estaduais veiculem o nome do tucano na TV.

Atrasado. Se o PFL já torcia o nariz para o estilo soft de Alckmin, ontem à tarde o partido se desesperou por ter sido Lula -e não o tucano- o primeiro a atacar na TV. "Só faltava essa: agora eles mostram queda-de-braço com o governo FHC. Quando vamos reagir?", dizia um dirigente.

Clone. O índio Fidelis Baniwa, um dos apresentadores do programa de TV de Lula, já ganhou apelido em Brasília: "Evo", por conta da semelhança com o presidente da Bolívia, Evo Morales.

Nariz para fora. Jorge Mattoso deixou de vez a quarentena iniciada com a participação no caso da violação do sigilo do caseiro Francenildo Costa. O ex-presidente da Caixa assina dois artigos no site da Fundação Perseu Abramo. Num deles, defende o lucro de bancos públicos, assunto em pauta na sucessão.

Ativo. José Alencar está com a corda toda na campanha de Lula, apesar dos recentes problemas de saúde. Ontem, o vice-presidente fez carreatas em cidades de Minas.

No grito. O PFL de Roseana Sarney bateu o pé, e Alckmin acabou desistindo de visitar Imperatriz amanhã. A cidade é reduto do PSDB maranhense, inimigo da família da candidata ao governo.

Ops. Em entrevista ontem, Aloizio Mercadante, candidato do PT ao governo de São Paulo, disse que Carapicuíba não tinha hospital. A cidade da região metropolitana conta com uma unidade, inaugurada por Covas em 1998.

Fora. Coriolano Sales, deputado que renunciou ao mandato para não ser cassado a reboque do escândalo dos sanguessugas, pediu ontem a desfiliação do PFL baiano.

Vão ficando. A ordem das direções de PTB, PL e PP para os deputados acusados de envolvimento no desvio de ambulâncias é não renunciar. Os partidos querem, primeiro, cumprir a cláusula de barreira. Ainda que às custas de cassações a partir de 2007.

Visita à Folha. Tasso Jereissati, presidente nacional do PSDB, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço.

Tiroteio

Serra está convidado para um debate na praça do Forró, em São Miguel, maior reduto dos migrantes nordestinos em São Paulo.


Do vereador PAULO TEIXEIRA , candidato a deputado federal pelo PT, sobre o candidato do PSDB ao governo, que apontou a migração como um problema do sistema educacional no Estado.

Contraponto

Por pouco

Quando ainda presidia o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, em 1980, Lula teve um encontro de quatro horas com Chico Buarque, como conta Mário Morel em seu livro "Lula - O Início".
O sindicalista pretendia propor ao cantor e compositor a realização de um show para os trabalhadores do ABC, mas, um tanto "envergonhado" -como diria depois-, foi postergando o assunto até que Chico afirmou:
-Olha, Lula, o que mais me impressionou em você é que todo mundo vem conversar com a gente e acaba pedindo um show de graça. E você não pediu nada.
Foi a senha para o sindicalista desistir da proposta.


Próximo Texto: PMDB aposta nas urnas para exigir mais cargos de Lula
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.