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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Lula prepara carta a evangélicos
Idéia é atrair votos de público que teria ficado órfão com a saída da disputa presidencial de Garotinho
Texto fala em criação de canal direto com religião no segundo mandato e diz que presidente "conta com orações" de evangélicos
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva planeja uma ofensiva
para conquistar o voto evangélico, que inclui a participação
em três eventos nos próximos
40 dias, a montagem de comitês direcionados a esse público
em todos os Estados e a divulgação de uma carta em que o
petista pede votos e orações.
O PT coloca a conquista dos
evangélicos como uma das
prioridades da campanha, ao
lado do voto feminino e do
crescimento na região Sul do
país. Para os lulistas, os evangélicos estão órfãos na campanha
presidencial, após a saída do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB-RJ) do páreo.
De acordo com o último censo do IBGE, de 2000, a parcela
da população brasileira que se
declara evangélica é de 15,41%.
Os petistas acham que hoje ela
já está chegando a 20%.
O presidente deve ter um
jantar de campanha com lideranças das diversas denominações evangélicas no Rio de Janeiro, em 12 de setembro.
A organização está por conta
da ex-ministra Benedita da Silva. Tem ainda convite para
abrir a Expocristã, em São Paulo, uma feira de livros, vídeos e
outros produtos evangélicos e
para a Marcha para Jesus, um
grande evento previsto para
Sorocaba (SP), no final de setembro.
"O presidente quer expressar
o compromisso de ter um diálogo mais próximo com os
evangélicos no segundo mandato", diz Ramon Velasquez,
membro do coletivo de evangélicos do PT.
A carta do presidente aos
evangélicos deve ser divulgada
na semana que vem. Com pouco menos de duas páginas, está
recebendo os retoques finais.
"Conto com suas orações", diz
Lula, antes de pedir o voto.
No texto, o presidente promete criar um "canal direto"
com a comunidade evangélica.
Uma idéia em discussão é a nomeação, em um segundo mandato, de um assessor especial
dedicado a cuidar do relacionamento com instituições religiosas -não apenas evangélicos.
"Lula reconhece o papel importantíssimo que os evangélicos desempenham nas periferias, o trabalho social que desenvolvem. Vem daí o compromisso de ter uma parceria mais
efetiva", afirma Velasquez.
A idéia de fazer três eventos
com evangélicos é uma tentativa de Lula de contemplar o
maior número de lideranças
possível.
O setor é fragmentado. Há
uma divisão nítida entre as
igrejas "históricas", como a metodista, luterana e presbiteriana, e os chamados pentecostais,
como Assembléia de Deus, Renascer e Universal -o real público-alvo eleitoral.
Outro cuidado da campanha
será o de não causar ciumeira
em outras religiões. Lula estuda também propostas para encontros com católicos, judeus e
muçulmanos.
"O que está definido pela
nossa campanha é que o presidente vai conversar com todos
os setores da sociedade", diz
João Felício, coordenador de
mobilização da campanha.
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