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ELEIÇÕES 2006 / CANDIDATOS NA FOLHA
Hegemonia paulista na política faz mal ao Brasil, diz Aécio
Em sabatina da Folha, governador tucano mineiro nega que disputará com José Serra vaga para concorrer à Presidência em 2010
Candidato à reeleição em MG defende desempenho de Alckmin e afirma não crer
em necessidade de mudar campanha presidencial
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO
HORIZONTE
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), em
campanha pela reeleição no Estado, criticou ontem a hegemonia paulista na política nacional. Aécio disse, em sabatina
promovida pela Folha, que essa supremacia, aliada à força
econômica de São Paulo, deu
origem a uma "polarização política" que faz mal ao Brasil.
Falando a um público de cerca de 160 pessoas, Aécio afirmou ainda que o PSDB "derrapou" na corrida presidencial,
em referência à queda nas pesquisas do candidato tucano,
Geraldo Alckmin. Disse, porém, crer na recuperação dele.
Sobre a crise de segurança
em São Paulo, Aécio disse ser
um "gravíssimo equívoco" associar a facção criminosa PCC
(Primeiro Comando da Capital) ao PT, como já fizeram, direta ou indiretamente, políticos do PSDB e PFL.
A sabatina ocorreu no Teatro
Dom Silvério, das 15h às 17h.
Aécio respondeu a perguntas
da platéia e dos jornalistas da
Folha Júlio Veríssimo (coordenador da Agência Folha),
Paulo Peixoto (correspondente
em Belo Horizonte), Kennedy
Alencar e Elvira Lobato (repórteres especiais).
Hoje, a entrevista será com o
candidato Nilmário Miranda
(PT), no mesmo horário e local.
O público ainda pode se inscrever para a sabatina.
A seguir, alguns dos assuntos
que foram abordados na sabatina, que abriu o ciclo de entrevistas da Folha com os principais candidatos aos governos
de Minas, Rio e São Paulo.
HEGEMONIA PAULISTA
Ao falar sobre o que denominou "falta de solidariedade" do
governo federal no combate ao
crime em Minas Gerais, Aécio
disse que o Brasil sofre "influência que não é positiva da
polarização política nascida em
São Paulo". Atribuiu essa prevalência à "força econômica e
presença política quase que hegemônica que São Paulo vem
tendo ao longo dos anos". "E
não estou falando de governo
do PT, isso vem do nosso governo, lá de trás."
"Qualquer que seja o resultado dessa eleição, vencendo um
dos dois candidatos que estão
na frente, vão ser 16 anos consecutivos de governos paulistas. Nada, absolutamente nada,
contra São Paulo. Ao contrário,
acho que é a favor de São Paulo
uma certa desconcentração política do Brasil."
ALCKMIN
Aécio foi questionado se ainda acreditava na candidatura
de Geraldo Alckmin à Presidência, já que ele mesmo havia
previsto que o candidato teria
chances de vitória se alcançasse 30% das intenções de voto
em agosto. Respondeu que o
tucano até o surpreendeu, pois
atingiu 30% antes de sua previsão, em julho.
"Ele esta aí em torno dos
23%, 24%, 25% [das intenções
de voto]. Acho que ele pode
crescer. Gostaria que ele pudesse chegar ao programa eleitoral com 30% ou 35%. Tivemos realmente, eu reconheço,
uma derrapada."
O governador não defendeu
mudanças na campanha presidencial tucana. "Acho uma bobagem essa coisa de ter que
mudar, ter de bater. Ele [Alckmin] tem que ser cada vez mais
o que ele é."
PCC
Aécio disse ser um "equívoco" a associação, feita por tucanos e pefelistas, entre a facção
criminosa PCC e o PT. "Não
acho que haja nenhuma informação objetiva que mostre isso. Seria institucionalizar uma
manifestação que pode ser pessoal, localizada."
Questionou-se também se
esse tipo de denúncia não poderia transformar adversários
políticos em inimigos mortais.
"Considero um gravíssimo
equívoco, de parte a parte, politizar essa questão."
ELEIÇÕES 2010
Confrontado com a possibilidade de tornar-se governador
e, ao mesmo tempo, pré-candidato ao Planalto em 2010 -do
mesmo modo que José Serra-,
Aécio disse que não colocará
seu nome na disputa presidencial "em hora nenhuma". "Essa
coisa da candidatura são muito
mais vocês [jornalistas] do que
eu que colocam." Disse, porém,
que "Minas tem que ter uma
presença forte, não só nessa sucessão e nas outras, e terá".
IMPRENSA LOCAL
Em pergunta vinda da platéia, sobre supostas pressões
que seu governo exerce sobre a
imprensa local, Aécio as negou
e disse que "o que falta em Minas é escândalo para alimentar
esse tipo de jornalismo". Para
justificar sua tese, citou as três
últimas administrações do PT
em Belo Horizonte, que, segundo ele, também não foram alvo
de denúncias da imprensa.
DÉFICIT ZERO
Aécio também foi questionado sobre a campanha de divulgação do déficit zero do Estado,
se não seria mais correto informar que Minas ainda tem dívidas de governos passados. Ele
negou que haja manipulação de
dados. "Isso nunca foi colocado
de forma diferente. Eu seria um
ás do marketing se eu pudesse
convencer pelo menos grande
parte dos mineiros que isso tudo é maquiagem."
MENSALÃO
Aécio justificou a contratação, pelo seu governo, dos serviços das agências de publicidade SMPB Comunicação e DNA
Propaganda, envolvidas no escândalo do mensalão e que pertenciam ao empresário Marcos
Valério Fernandes de Souza.
O governador disse que as
agências eram duas das maiores do Estado e foram contratadas por licitação. "No momento
em que elas foram acusadas de
toda essa relação promíscua
com o governo federal, elas foram tiradas."
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