São Paulo, sexta-feira, 18 de agosto de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CANDIDATOS NA FOLHA

Hegemonia paulista na política faz mal ao Brasil, diz Aécio

Em sabatina da Folha, governador tucano mineiro nega que disputará com José Serra vaga para concorrer à Presidência em 2010

Candidato à reeleição em MG defende desempenho de Alckmin e afirma não crer em necessidade de mudar campanha presidencial


THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), em campanha pela reeleição no Estado, criticou ontem a hegemonia paulista na política nacional. Aécio disse, em sabatina promovida pela Folha, que essa supremacia, aliada à força econômica de São Paulo, deu origem a uma "polarização política" que faz mal ao Brasil.
Falando a um público de cerca de 160 pessoas, Aécio afirmou ainda que o PSDB "derrapou" na corrida presidencial, em referência à queda nas pesquisas do candidato tucano, Geraldo Alckmin. Disse, porém, crer na recuperação dele.
Sobre a crise de segurança em São Paulo, Aécio disse ser um "gravíssimo equívoco" associar a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) ao PT, como já fizeram, direta ou indiretamente, políticos do PSDB e PFL.
A sabatina ocorreu no Teatro Dom Silvério, das 15h às 17h. Aécio respondeu a perguntas da platéia e dos jornalistas da Folha Júlio Veríssimo (coordenador da Agência Folha), Paulo Peixoto (correspondente em Belo Horizonte), Kennedy Alencar e Elvira Lobato (repórteres especiais).
Hoje, a entrevista será com o candidato Nilmário Miranda (PT), no mesmo horário e local. O público ainda pode se inscrever para a sabatina.
A seguir, alguns dos assuntos que foram abordados na sabatina, que abriu o ciclo de entrevistas da Folha com os principais candidatos aos governos de Minas, Rio e São Paulo.

 

HEGEMONIA PAULISTA
Ao falar sobre o que denominou "falta de solidariedade" do governo federal no combate ao crime em Minas Gerais, Aécio disse que o Brasil sofre "influência que não é positiva da polarização política nascida em São Paulo". Atribuiu essa prevalência à "força econômica e presença política quase que hegemônica que São Paulo vem tendo ao longo dos anos". "E não estou falando de governo do PT, isso vem do nosso governo, lá de trás."
"Qualquer que seja o resultado dessa eleição, vencendo um dos dois candidatos que estão na frente, vão ser 16 anos consecutivos de governos paulistas. Nada, absolutamente nada, contra São Paulo. Ao contrário, acho que é a favor de São Paulo uma certa desconcentração política do Brasil."

ALCKMIN
Aécio foi questionado se ainda acreditava na candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência, já que ele mesmo havia previsto que o candidato teria chances de vitória se alcançasse 30% das intenções de voto em agosto. Respondeu que o tucano até o surpreendeu, pois atingiu 30% antes de sua previsão, em julho.
"Ele esta aí em torno dos 23%, 24%, 25% [das intenções de voto]. Acho que ele pode crescer. Gostaria que ele pudesse chegar ao programa eleitoral com 30% ou 35%. Tivemos realmente, eu reconheço, uma derrapada."
O governador não defendeu mudanças na campanha presidencial tucana. "Acho uma bobagem essa coisa de ter que mudar, ter de bater. Ele [Alckmin] tem que ser cada vez mais o que ele é."

PCC
Aécio disse ser um "equívoco" a associação, feita por tucanos e pefelistas, entre a facção criminosa PCC e o PT. "Não acho que haja nenhuma informação objetiva que mostre isso. Seria institucionalizar uma manifestação que pode ser pessoal, localizada."
Questionou-se também se esse tipo de denúncia não poderia transformar adversários políticos em inimigos mortais. "Considero um gravíssimo equívoco, de parte a parte, politizar essa questão."

ELEIÇÕES 2010
Confrontado com a possibilidade de tornar-se governador e, ao mesmo tempo, pré-candidato ao Planalto em 2010 -do mesmo modo que José Serra-, Aécio disse que não colocará seu nome na disputa presidencial "em hora nenhuma". "Essa coisa da candidatura são muito mais vocês [jornalistas] do que eu que colocam." Disse, porém, que "Minas tem que ter uma presença forte, não só nessa sucessão e nas outras, e terá".

IMPRENSA LOCAL
Em pergunta vinda da platéia, sobre supostas pressões que seu governo exerce sobre a imprensa local, Aécio as negou e disse que "o que falta em Minas é escândalo para alimentar esse tipo de jornalismo". Para justificar sua tese, citou as três últimas administrações do PT em Belo Horizonte, que, segundo ele, também não foram alvo de denúncias da imprensa.

DÉFICIT ZERO
Aécio também foi questionado sobre a campanha de divulgação do déficit zero do Estado, se não seria mais correto informar que Minas ainda tem dívidas de governos passados. Ele negou que haja manipulação de dados. "Isso nunca foi colocado de forma diferente. Eu seria um ás do marketing se eu pudesse convencer pelo menos grande parte dos mineiros que isso tudo é maquiagem."

MENSALÃO
Aécio justificou a contratação, pelo seu governo, dos serviços das agências de publicidade SMPB Comunicação e DNA Propaganda, envolvidas no escândalo do mensalão e que pertenciam ao empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
O governador disse que as agências eram duas das maiores do Estado e foram contratadas por licitação. "No momento em que elas foram acusadas de toda essa relação promíscua com o governo federal, elas foram tiradas."


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