|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Perdão" não
impulsiona
agricultura
GUSTAVO PATÚ
Coordenador de Economia da Sucursal de Brasília
As sucessivas renegociações
de dívidas rurais promovidas
desde o início do governo Fernando Henrique Cardoso não
resultaram em aumentos da
produção agrícola ou na criação de uma política definitiva
para o setor.
Já no primeiro ano da gestão
FHC, os ruralistas conseguiram a retirada da TR (Taxa
Referencial) da correção do
crédito agrícola e uma renegociação de R$ 7,1 bilhões em dívidas a juros de 3% anuais.
Antes do acordo, o país havia colhido naquele ano 81,06
milhões de toneladas de grãos,
recorde para o período. Em
1996, a safra despencou para
algo próximo a 71,5 milhões
de toneladas.
Neste ano, espera-se uma
nova safra recorde, mas o volume da colheita deverá ser
praticamente igual ao de 1995,
pouco superior aos 81 milhões
de toneladas de grãos.
Em resumo, nesse período
cresceram os gastos federais
com a agricultura, sem que a
produção brasileira tenha se
aproximado dos 100 milhões
de toneladas, uma espécie de
meta permanente dos últimos
governos.
As regras fixadas também
não se mostraram perenes. O
combinado na renegociação
de 1995 não resistiu à primeira
etapa dos pagamentos prometidos pelos agricultores -que
em 1997 pagaram apenas R$
350 milhões de R$ 700 milhões
acertados.
Há no governo uma contradição básica e permanente no
tratamento da política agrícola. A equipe econômica, movida pela necessidade imediata
de controlar as contas públicas, fica contra o aumento dos
subsídios à agricultura, enquanto o pragmatismo político manda aceitar as exigências
dos ruralistas.
No final das contas, não se
sabe que papel o Estado pretende assumir para estimular
o desenvolvimento agrícola.
Basta dizer que o Ministério
da Fazenda e o Banco Central
mal disfarçam o desejo de privatizar o Banco do Brasil,
principal financiador do setor.
Texto Anterior: Acordos refletem fragilidade Próximo Texto: Janio de Freitas: A pretexto da droga Índice
|