São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2001

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PARTIDO AO MEIO

PMDB escolhe hoje o nome que deve ser eleito em plenário para suceder Jader na presidência do Senado

Candidatura Calheiros enfrenta resistência

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), candidato da cúpula do partido à sucessão de Jader Barbalho (PMDB-PA) na presidência do Senado, enfrentará uma disputa interna e restrições externas, tanto entre setores do PFL e do PSDB como na oposição, na disputa pelo cargo.
Se for referendado pelo plenário, Calheiros corre o risco de sair enfraquecido da eleição. A bancada do PMDB se reúne hoje para escolher o sucessor de Jader. Os presidentes do PSDB, deputado José Aníbal (SP), e do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), estão por trás de articulações para que Renan seja vetado já na bancada.
José Fogaça (PMDB-RS) e José Alencar (PMDB-MG) afirmaram ontem que vão disputar com Renan dentro da bancada, embora tenham poucas chances de vitória. Os dois mantêm uma linha de independência em relação ao Palácio do Planalto e não costumam seguir a orientação partidária.

Confronto com Covas
José Aníbal defende o veto a Renan usando como principal argumento os confrontos que ele teve com o governador Mário Covas, morto este ano, enquanto ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso. Renan fez acusações de irregularidades no governo de Covas, envolvendo até o filho do governador, Zuzinha. Covas propôs no STF (Superior Tribunal Federal) ação de calúnia contra o então ministro.
Em setembro de 99, Covas conseguiu suspender a licitação para confecção de passaportes, levantando suspeitas contra o Ministério da Justiça. Renan, por sua vez, levantou suspeitas contra o governo Covas, por causa das tentativas do governador de transferir para os Estados a receita das vistorias dos veículos.
A bancada do PSDB no Senado se reúne no início da tarde para discutir o assunto, mas está dividida quanto ao veto a Renan.
No PFL, a rejeição à escolha do líder do PMDB é ainda maior, principalmente por causa da ligação de Renan com Jader. Para os pefelistas, a eleição do líder do PMDB para a presidência do Senado daria a impressão de que a Casa quer proteger Jader, que prometeu renunciar hoje ao cargo após discursar no plenário.
Na reunião dos presidentes dos partidos aliados do governo com FHC, Bornhausen deixou claro que respeitaria o direito do PMDB de indicar o presidente do Senado -por ter a maior bancada na Casa-, desde que o nome escolhido tivesse afinidade com o Planalto e autoridade política e moral para restabelecer a imagem da Casa.


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