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ROLO TRIBUTÁRIO
Objetivo é assegurar a aprovação da reforma previdenciária
Governo negocia e admite fatiar tributária no Senado
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em negociação com a oposição
para facilitar a aprovação da reforma da Previdência no Senado,
o governo acenou ontem com a
possibilidade de fatiar a tributária, aprovando neste ano só questões consensuais e que precisam
ser promulgadas até dezembro,
para que possam vigorar em 2004.
Pelo entendimento, o Senado
poderá votar em 2003 apenas a
prorrogação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) e da DRU
(Desvinculação das Receitas da
União), a partilha da Cide (contribuição cobrada sobre o consumo
de combustível) da União com
Estados e a criação do fundo de
compensação dos Estados que
perdem arrecadação com a desoneração das exportações.
A hipótese de adiar a votação de
questões polêmicas -como a
mudança da cobrança do ICMS
(Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços) da origem para o destino- foi admitida pelo líder do governo, Aloizio
Mercadante (PT-SP), aos líderes
do PFL, do PSDB e do PMDB antes da apresentação do relatório
do líder do PT, Tião Viana (AC),
sobre a Previdência na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
Em seu parecer, Viana manteve
inalterado o texto da Câmara,
mas assumiu o compromisso
com os líderes de negociar as seguintes mudanças: nova regra para o subteto salarial dos servidores do Executivo estadual e municipal, flexibilização das regras de
transição para favorecer servidores que estão prestes a se aposentar, criação de uma faixa de isenção da cobrança dos inativos levando em conta critérios de idade
e doença e maior controle social
na gestão dos fundos de pensão.
O próprio ministro Ricardo
Berzoini (Previdência), ao participar de audiência sobre a reforma,
admitiu mudanças nas regras do
subteto salarial dos servidores do
Executivo estadual e municipal.
"O subteto vai atingir Estados e
municípios e não a União. Portanto, se tiver entendimento, podemos mudar as regras", disse.
A negociação iniciada pelos líderes em duas frentes -em torno
da previdenciária e, ao mesmo
tempo, da tributária- estabeleceu uma trégua entre governo e
oposição, e o plenário do Senado
retomou ontem as votações. "A
tensão que havia foi desfeita", disse Renan Calheiros (PMDB-AL).
Desde quinta-feira passada, PFL
e PSDB estavam em obstrução para impedir votações no plenário e
atrapalhar a tramitação da reforma da Previdência numa reação à
inclusão, pela Câmara, de benefícios a São Paulo, Minas e Rio.
"Vamos dar uma trégua. A oposição suspende temporariamente
a obstrução e vai aguardar o desenvolvimento das conversas. Resolvendo as divergências em torno da tributária, desanuvia o ambiente", disse o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM). Ele defende
que o Senado vote apenas a
CPMF, a DRU, a Cide e o fundo de
compensação em 2003 e que o
restante seja debatido por mais
um ou dois anos: "Vamos ter a
pressa que a prudência permitir".
Um argumento apresentado
por Mercadante a favor de adiar a
decisão sobre o ICMS é o fato de
que não há tempo hábil para que
as novas regras entrem em vigor
em 2004 mesmo que sejam aprovadas neste ano, porque dependem de regulamentação e de leis
complementares. "Vamos fazer
um esforço para votar tudo neste
ano, mas, se for necessário separar o que é possível e indispensável ser aprovado até dezembro
[para vigorar no próximo ano] do
que não poderá ser implementado em 2004, vamos fazê-lo", disse.
O PFL é contra o fatiamento da
reforma, segundo o líder, José
Agripino (RN). Mas uma proposta de Mercadante agradou ao PFL:
a criação de um grupo suprapartidário de senadores para ajudar no
relatório. "A gente abre um armistício para o governo, diante do
início do processo de diálogo na
reforma tributária e do compromisso do líder do PT de fazer alterações na reforma da Previdência
que humanizem o texto", disse.
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