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São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

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PFL racha e não chega a acordo com Planalto

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL rachou na reta final da votação da reforma tributária e acabou não conseguindo entrar em acordo com o governo para alterar a proposta como forma de atender à pressão da Bahia. Duas alas do partido se debateram em reuniões tensas que colocaram em xeque a autoridade do líder da bancada, deputado José Carlos Aleluia (BA).
O deputado liderou os cerca de 35 dos 67 pefelistas que eram contra um acordo com o governo e que buscavam reforçar a marca oposicionista da legenda.
O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), que seguia as orientações do senador Antonio Carlos Magalhães (BA), liderava o grupo "rebelde", de cerca de 30 deputados, que buscava desde a semana passada um entendimento com o governo.
O objetivo era determinar que as empresas que receberam benefícios fiscais dos Estados ficassem de fora das novas regras de cobrança do ICMS, principal fonte de recursos dos Estados.
Isso atenderia a Bahia, que teme perder parte da arrecadação relativa à fábrica da Ford instalada no Estado. A medida era também do agrado de outros governadores.
Devido a isso, enquanto parte do PFL se acomodava em gabinetes para negociar com o governo, outra ia ao plenário e patrocinava atitudes de franca oposição, como a tentativa de obstruir a tramitação da reforma por meio de manobras regimentais.
No meio do fogo pefelista, o governo aceitava fazer o acordo -exigia, para isso, o fim das manobras de obstrução-, mas acabou transitando para uma posição consolidada ontem de que o acordo não era mais possível.
Além de se aproveitar da divisão pefelista, os governistas apresentaram como argumento o fato de que a bancada paulista (São Paulo perderia com a mudança) e partidos da base aliada (contrariados com as atitudes de plenário do PFL "oposicionista") era contra a proposta de mudança. O governador Aécio Neves (PSDB-MG) chegou a enviar carta aos deputados mineiros orientando-os a votar contra o possível acordo.
A sensação de que o acordo não sairia acabou levando os "dois PFLs" a se reunir pela última vez na noite de anteontem no gabinete da liderança do partido.
A bancada baiana ameaçou votar contra a orientação do líder. A reunião acabou resultando em um meio-termo: o PFL não obstruiria mais a votação. Em troca, o governo aceitava votar 7 das 14 emendas apresentadas pelo partido -a idéia da Mesa era usar argumentos regimentais para rejeitar todas. (RANIER BRAGON)


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