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CAMPO MINADO
Área de 142 hectares foi comprada por produtores de Mato Grosso do Sul para que MST desocupasse outra fazenda
Ruralistas "emprestam" área a sem-terra
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Em ações aparentemente não
coordenadas em quatro Estados,
proprietários rurais cederam
áreas para abrigar sem-terra
-que invadiram fazendas ou fizeram protestos- na tentativa de
evitar conflitos agrários.
No início deste mês, em Mato
Grosso do Sul, o MST recebeu
uma área de 142 hectares comprada às pressas por R$ 360 mil em
Dourados (219 km de Campo
Grande) e ainda ganhou 30 bezerros. Os 900 sem-terra vão ficar no
local até serem assentados.
O secretário municipal do Desenvolvimento Econômico de
Caarapó (MS), Guaracy Boschiglia Júnior, 39, disse que um grupo de proprietários rurais resolveu se unir para comprar a área,
mas decidiu permanecer no anonimato. No cartório de registros
em Dourados, Guaracy é oficialmente o dono da propriedade.
O Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária)
reuniu, segundo Guaracy, os fazendeiros. Na reunião, foi acertada a compra da terra e dos 30 bezerros. O presidente do MNP
(Movimento Nacional dos Produtores Rurais), João Bosco Leal,
disse ontem não acreditar que ruralistas tenham se unido para
comprar uma área para o MST.
Para Leal, o superintendente regional do Incra, Luiz Carlos Bonelli, negociou a compra da área feita por Guaracy. A Agência Folha
procurou Bonelli na terça-feira e
ontem, mas foi informada de que
ele estava em Brasília. A reportagem deixou recado para que a secretária comunicasse ao superintendente o pedido de entrevista.
"Nós temos um prazo de 90
dias, acertado com o Incra, para
permanecer nas terras [compradas por Guaracy] até a vistoria de
uma fazenda para assentar as famílias", disse o coordenador estadual do MST Márcio Bissoli.
Segundo ele, o Incra e o governo
do Estado ficaram responsáveis
por arrumar uma área para os
sem-terra desocuparem a fazenda
invadida. O secretário estadual do
Desenvolvimento Agrário, Valteci Ribeiro de Castro Júnior, disse
que ruralistas compraram a área.
O MST invadiu a fazenda Coimbra em Itaporã (MS) no dia 24.
Ontem, o MST do noroeste mineiro recusou a oferta de uma fazenda cedida por um defensor
público (leia texto abaixo).
No início deste mês, donos da
Usina Santa Clotilde concordaram em vender a área ao Incra sob
a condição de que sem-terra ligados à CPT diminuíssem o espaço
invadido em outra fazenda da
empresa em Murici (AL).
Em 16 de agosto, em São Gabriel
(RS), o MST montou numa propriedade de 8 ha cedida pelo agricultor Antônio Pinto um acampamento com os integrantes da
marcha de 350 quilômetros que se
encerrou naquele dia.
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