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São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

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CAMPO MINADO

Osmar Teodoro da Silva recebe 19 anos de prisão por ter ordenado assassinato do padre Josimo, em 1986

Fazendeiro é condenado por morte de padre

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

Por decisão unânime do Tribunal do Júri Popular de Imperatriz (MA), o fazendeiro Osmar Teodoro da Silva foi condenado ontem a 19 anos de prisão sob a acusação de ter ordenado o assassinato do padre Josimo Moraes Tavares, morto a tiros na cidade em 10 de maio de 1986.
O padre tinha 33 anos e era coordenador da CPT (Comissão Pastoral da Terra), braço agrário da Igreja Católica, na região do Bico do Papagaio, que hoje faz parte do atual Estado de Tocantins. À época, a morte do padre teve repercussão internacional: a Rádio do Vaticano dedicou editorial elogiando o trabalho de Josimo.
Ele foi atingido nas costas por dois tiros disparados pelo pistoleiro Geraldo Rodrigues da Costa, autor confesso do crime, condenado em 1988 a 18 anos e meio de prisão. Outras três pessoas foram condenadas em 1997 como mandantes do crime. Um deles morreu num presídio de Imperatriz, e os outros dois hoje estão em regime de liberdade condicional em Goiás e em Mato Grosso.

Recurso
O advogado José Clébis dos Santos, um dos responsáveis pela defesa do fazendeiro, disse que ainda não decidiu se entrará com recurso no Fórum de Imperatriz. "Preciso antes conversar com ele [Teodoro da Silva]. A decisão não é minha, mas dele."
A defesa tem, a partir de ontem, cinco dias para entrar com um requerimento. O fazendeiro poderá ser transferido nesta semana para a Penitenciária Agrícola de Pedrinhas (MA). Ele foi preso pela Polícia Federal em dezembro de 2001, no sudoeste do Pará. Durante o julgamento, que começou anteontem por volta das 9h e somente terminou ontem às 4h, Teodoro Silva negou que tenha ordenado a morte do padre. "Sempre na tese da negativa", disse o advogado do fazendeiro.
Dois irmãos do fazendeiro acusados de participação no assassinato aguardam julgamento, que deve ocorrer no ano que vem também em Imperatriz. Os advogados de Osvaldino e Nazareth Teodoro da Silva pedem a transferência do júri para Tocantins.

Pedagogia e respeito
Dom Tomás Balduíno, presidente nacional da CPT, disse ontem que a condenação do fazendeiro Osmar Teodoro da Silva "faz justiça e traz a todos uma respiro de esperança de que a impunidade não terá mais lugar em nosso país". Para o presidente da CPT, a justiça tem de ser feita "não por vingança, mas por pedagogia e respeito". Segundo ele, o padre Josimo representava "a luta dos lavradores brasileiros".
"O último encontro que eu tive com o padre Josimo foi na prisão, num quartel. Ele foi preso pelos militares certamente como subversivo e uma ameaça à ordem pública naquele tempo. Ele era um apoio dos sem-terra", afirmou dom Tomás Balduíno.


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