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Pont relaciona crise do PT à política de alianças do governo e do Campo
DA REPORTAGEM LOCAL
Raul Pont, candidato pela Democracia Socialista, defende que
a crise pela qual passa o PT se deve à política de alianças feita por
Lula e pelo Campo Majoritário.
Folha - Está difícil ser petista no
momento?
Raul Pont - Já estamos acostumados à luta. Este é mais momento difícil, agravado por algo que
achávamos que estávamos imunes -sofrer uma crise ética ou de
quebra de confiança-, e que vai
nos exigir uma resposta à altura.
Folha - O sr. acha que o presidente Lula está debilitado para a conseguir se reeleger?
Raul Pont - Vemos isso nas pesquisas, que há uma queda de popularidade. Entendo que ela é recuperável. Mas, para que isso
ocorra, o governo teria de reorientar as suas políticas públicas,
reorientar a condução do Palocci
da política de juros, da política de
superávit primário.
Folha - É compatível a mudança
na política econômica com a permanência de Palocci?
Raul Pont - Isso é o Lula que estabelece. Estamos lutando para, se
vencermos as eleições no PT, defendermos que o PT tensione o
governo para estar mais sintonizado com o que pensa e quer o
partido. A atual maioria não tem
respaldo mais no partido e é isso
que vai demonstrar a eleição.
Folha - O sr. não acha que é tarde
demais?
Raul Pont - Se a realidade provar
que foi tarde demais, seremos
derrotados nas eleições. O partido
vai aprender. Estamos trabalhando para manter o projeto.
Folha - O sr. acha que terá sido um
retrocesso para a esquerda e para
Lula se o governo não sinalizar nesse último ano de gestão para essas
mudanças que o sr. propõe?
Raul Pont - Não. Acho que nós
teremos dificuldade de vitória, de
mais uma vitória, se nós não sinalizarmos. Mas não acho que o governo foi um retrocesso.
Folha - Plínio de Arruda Sampaio
chamou de incoerente a Articulação e a DS pelo fato de propor uma
alternativa para o partido e estar
no governo.
Pont - Todos estamos no partido.
Não consigo entender a posição
oposta, a não ser que aposte na
saída do partido. Temos que fazer
a defesa do governo porque é a
defesa do PT. A nossa proposta é
ficar o PT e refundá-lo.
Folha - Independentemente do
resultado do PED?
Raul Pont - Nossa opção não pode estar restrita a uma eleição interna do partido. A crise que vivemos hoje, que pode prenunciar
até mesmo derrotas eleitorais é
gerada por uma visão equivocada
de programa e de política. Essa
crise é a expressão de que a política de alianças e a governabilidade
que Lula e o Campo Majoritário
escolheram está equivocada e o
partido tem de estar presente dizer isso e corrigir rumos.
Folha - O sr. defende o afastamento dos acusados de envolvimento
no escândalo?
Pont - É estatutário. Quem traz
prejuízos enormes ao partido,
quem ataca sua ética, tem garantido o direito a defesa, mas já cometeu o suficiente para ser afastado.
Folha - O sr. acha que o Campo
Majoritário não tem condição moral
para falar em refundação?
Raul Pont - Diria que não tem
condições políticas de continuar
dirigindo o partido.
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