São Paulo, domingo, 18 de setembro de 2005

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Pont relaciona crise do PT à política de alianças do governo e do Campo

DA REPORTAGEM LOCAL

Raul Pont, candidato pela Democracia Socialista, defende que a crise pela qual passa o PT se deve à política de alianças feita por Lula e pelo Campo Majoritário.
 

Folha - Está difícil ser petista no momento?
Raul Pont -
Já estamos acostumados à luta. Este é mais momento difícil, agravado por algo que achávamos que estávamos imunes -sofrer uma crise ética ou de quebra de confiança-, e que vai nos exigir uma resposta à altura.

Folha - O sr. acha que o presidente Lula está debilitado para a conseguir se reeleger?
Raul Pont -
Vemos isso nas pesquisas, que há uma queda de popularidade. Entendo que ela é recuperável. Mas, para que isso ocorra, o governo teria de reorientar as suas políticas públicas, reorientar a condução do Palocci da política de juros, da política de superávit primário.

Folha - É compatível a mudança na política econômica com a permanência de Palocci?
Raul Pont -
Isso é o Lula que estabelece. Estamos lutando para, se vencermos as eleições no PT, defendermos que o PT tensione o governo para estar mais sintonizado com o que pensa e quer o partido. A atual maioria não tem respaldo mais no partido e é isso que vai demonstrar a eleição.

Folha - O sr. não acha que é tarde demais?
Raul Pont -
Se a realidade provar que foi tarde demais, seremos derrotados nas eleições. O partido vai aprender. Estamos trabalhando para manter o projeto.

Folha - O sr. acha que terá sido um retrocesso para a esquerda e para Lula se o governo não sinalizar nesse último ano de gestão para essas mudanças que o sr. propõe?
Raul Pont -
Não. Acho que nós teremos dificuldade de vitória, de mais uma vitória, se nós não sinalizarmos. Mas não acho que o governo foi um retrocesso.

Folha - Plínio de Arruda Sampaio chamou de incoerente a Articulação e a DS pelo fato de propor uma alternativa para o partido e estar no governo.
Pont - Todos estamos no partido. Não consigo entender a posição oposta, a não ser que aposte na saída do partido. Temos que fazer a defesa do governo porque é a defesa do PT. A nossa proposta é ficar o PT e refundá-lo.

Folha - Independentemente do resultado do PED?
Raul Pont -
Nossa opção não pode estar restrita a uma eleição interna do partido. A crise que vivemos hoje, que pode prenunciar até mesmo derrotas eleitorais é gerada por uma visão equivocada de programa e de política. Essa crise é a expressão de que a política de alianças e a governabilidade que Lula e o Campo Majoritário escolheram está equivocada e o partido tem de estar presente dizer isso e corrigir rumos.

Folha - O sr. defende o afastamento dos acusados de envolvimento no escândalo?
Pont
- É estatutário. Quem traz prejuízos enormes ao partido, quem ataca sua ética, tem garantido o direito a defesa, mas já cometeu o suficiente para ser afastado.

Folha - O sr. acha que o Campo Majoritário não tem condição moral para falar em refundação?
Raul Pont -
Diria que não tem condições políticas de continuar dirigindo o partido.


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