São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Devedores solidários

O relatório da Polícia Federal no inquérito do mensalão mineiro aponta curiosa triangulação de recursos entre Marcos Valério e o Banco Rural, na qual o empréstimo concedido ao publicitário em 2003, para o PT, foi usado para pagar o débito da campanha de 1998, do PSDB. Valério precisava saldar R$ 13,9 mi do empréstimo feito aos tucanos para poder contrair um novo, de R$ 10 mi, para o PT. Um "acordo" reduziu a dívida a R$ 2 mi, pagos pela DNA. Quando foi liberado o empréstimo do PT, R$ 2 mi foram transferidos para a DNA. "Esta operação foi realizada para zerar a situação de Marcos Valério perante o Banco Rural, pois naquele momento o publicitário estava iniciando sua aproximação com o PT", diz o relatório da PF.

Deixa quieto. O petista Paulo Pimenta (RS), que em 2005 foi bombardeado por divulgar uma lista de beneficiários do valerioduto mineiro, voltou à carga ontem na tribuna, com o relatório da PF. Recebeu telefonemas preocupados do governo, pois esse vespeiro atinge o ministro Walfrido dos Mares Guia (PTB).

Eu resolvo. Depois de ser salvo por Lula, Renan Calheiros (PMDB-AL) quer se mostrar útil. Mandou avisar que conseguirá os votos para aprovar a CPMF no Senado, atravessando a articulação que negociadores do governo vinham fazendo na tentativa de amolecer a oposição.

Sem pressa. As primeiras vítimas da "obstrução seletiva" no Senado devem ser indicados para postos estratégicos do governo, como Paulo Lacerda, novo diretor-geral da Abin, e Luiz Pagot (Dnit).

Túnel do tempo. A prisão de Salvatore Cacciola em Gramado, em 2000, foi obra do hoje diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa. O responsável pelo inquérito do caso Marka também subiu na hierarquia da corporação: Luiz Pontel, agora diretor de Pessoal .

Rebatizado. Por decisão da Justiça, o governo paulista não poderá mais usar uma das principais logomarcas do PSDB na saúde: Dose Certa, programa de distribuição gratuita de medicamentos. O nome foi reivindicado pelo proprietário de uma rede de farmácias do Nordeste.

Acelerado 1. O governador Roberto Requião (PMDB-PR) enviou à Assembléia Legislativa, em caráter de urgência, pedido de autorização para constituir uma empresa que teria participação majoritária da Copel (estatal de energia do Paraná), com o objetivo de participar do leilão de concessão de rodovias a ser realizado pelo governo federal no início de outubro.

Acelerado 2. No Paraná, há dúvida sobre o real propósito de Requião com a nova empresa: de fato obter a concessão e administrar os trechos de rodovias que passam pelo Estado ou entrar no leilão apenas para melar o processo. O governador é adversário histórico dos pedágios.

Penúria 1. Niède Guidon, diretora da Fundação Museu do Homem Americano, que administra o Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, vai leiloar no próximo dia 22 quatro quadros do artista plástico Afranio Castelo Branco, de sua coleção particular, em busca de recursos para destinar à entidade.

Penúria 2. A arqueóloga diz desconhecer o valor dos quadros, mas espera arrecadar ao menos R$ 30 mil com o leilão. "Não dá para sustentar o parque, mas serve para pagar algumas despesas urgentes. Sei que será impossível me ressarcir, mas isso não tem importância", diz ela. O leilão acontecerá no Antiquário Sasson, em São Paulo.

Visita à Folha. José Roberto Arruda (DEM), governador do Distrito Federal, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Monica Torres Maia, assessora de comunicação.

Tiroteio

"O dossiê não teve nada a ver com comunismo, mas sim com banditismo. Prática que, de resto, não é novidade entre petistas".
Do deputado JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA), sobre o "aloprado" Expedito Veloso, que nega conhecer a origem do dinheiro do dossiê contra tucanos sob a alegação de que, como nos "movimentos comunistas", ele recebeu tarefa específica, "não relacionada ao tema dinheiro".

Contraponto

Bom para quem?

Em 1983, Franco Montoro era o primeiro governador paulista eleito diretamente desde o movimento militar de 1964. Em sua gestão ocorreram intensas mobilizações sindicais, pois as entidades experimentavam a liberdade depois de longo período autoritário. Certa tarde, o governador reuniu alguns secretários para discutir um protesto de professores ocorrido na praça da Sé. O titular da Educação, Paulo de Tarso Santos, estava entusiasmado:
-Uma beleza! Finalmente temos liberdade, e as pessoas podem se manifestar à vontade!
José Serra, do Planejamento, ponderou:
-Só um detalhe, Paulo: a manifestação é contra a gente.


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