São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2007

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Renan deve dizer a Lula que, com concessões, aprova CPMF

Em reunião com presidente, senador pretende afirmar que pode obter votos necessários

Aliados do alagoano esperam que ele decida se afastar por alguns dias do comando do Senado de forma a diminuir a pressão

VALDO CRUZ
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em seu encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) vai dizer que tem condições de reunir os votos necessários para aprovar a CPMF, mas que para isso o governo terá de fazer algumas concessões à oposição.
A reunião entre Lula e Renan ainda não está agendada oficialmente, mas o senador já conversou na quinta-feira passada com o secretário particular do presidente, Gilberto Carvalho, e manifestou seu desejo de encontrar o petista. Lula concordou e o encontro pode até ocorrer hoje.
O presidente do Senado sabe que, nesse momento, o que interessa a Lula é aprovar o imposto do cheque, que deve render no próximo ano R$ 39 bilhões aos cofres públicos. Por isso, dirá a Lula que tem condições de conduzir o processo de votação, afastando qualquer possibilidade de se licenciar.
Renan confidenciou a amigos que segue a máxima de que a política é a arte de ocupar espaços. Traduzindo: se ele se licenciar, teme que outros senadores ocupem seu espaço, inviabilizando seu retorno à presidência do Senado. Além disso receia que, longe da Casa, fique mais difícil de se defender dos dois processos que ainda tramitam no Conselho de Ética.
O presidente do Senado não afasta, porém, a possibilidade de tirar uns dias de férias, talvez duas semanas. Seus amigos e familiares têm insistido nessa saída para que seja criado um clima propício no Senado para apaziguar os ânimos.
Entre seus aliados, por sinal, há uma expectativa que Renan tome essa decisão antes de se reunir com Lula, informando o presidente de sua disposição de tirar uns dias para descansar. Tem aliado que já ventila até a data para o início desse período de férias: quinta-feira.
Na conversa com Lula, Renan dirá que alguns senadores da oposição estão dispostos a votar a favor da CPMF, mas para isso precisam de algum aceno do governo para justificar sua posição.
O governo quer aprovar amanhã, em primeiro turno na Câmara, a emenda que prorroga o imposto do cheque até 2011. Os articuladores do governo estavam pedindo ajuda aos governadores para garantir quórum na Casa -são necessários pelo menos 308 votos de deputados.
No Senado, a previsão do governo é que a emenda entre em pauta no plenário em meados de outubro. Renan, segundo auxiliares, poderia até tirar alguns dias de férias e retornaria a tempo de comandar o processo de votação da emenda.
Até o final da tarde de ontem o encontro de Renan com Lula não estava agendado oficialmente. O presidente chegaria na noite de ontem a Brasília, vindo de Madri, última etapa de seu giro pela Europa. Deve passar a manhã de hoje no Palácio da Alvorada. Não está descartada uma ida de Renan até lá.
O Planalto trata como uma "etapa natural" o encontro de Lula e Renan, após a absolvição do peemedebista no plenário do Senado. Nos bastidores, o governo dá sinais claros de preocupação com um cenário de descontrole no Senado, em que Renan, mesmo absolvido, não consiga conter a crise.
Renan tem dito que não deixará o cargo. Enquanto estava na Europa, na última semana, interlocutores indicaram a Lula que o peemedebista insistirá em permanecer na cadeira.


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