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Renan deve dizer a Lula que, com concessões, aprova CPMF
Em reunião com presidente, senador pretende afirmar que pode obter votos necessários
Aliados do alagoano esperam que ele decida se
afastar por alguns dias do
comando do Senado de forma a diminuir a pressão
VALDO CRUZ
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em seu encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Renan Calheiros
(PMDB-AL) vai dizer que tem
condições de reunir os votos
necessários para aprovar a
CPMF, mas que para isso o governo terá de fazer algumas
concessões à oposição.
A reunião entre Lula e Renan
ainda não está agendada oficialmente, mas o senador já
conversou na quinta-feira passada com o secretário particular do presidente, Gilberto Carvalho, e manifestou seu desejo
de encontrar o petista. Lula
concordou e o encontro pode
até ocorrer hoje.
O presidente do Senado sabe
que, nesse momento, o que interessa a Lula é aprovar o imposto do cheque, que deve render no próximo ano R$ 39 bilhões aos cofres públicos. Por
isso, dirá a Lula que tem condições de conduzir o processo de
votação, afastando qualquer
possibilidade de se licenciar.
Renan confidenciou a amigos que segue a máxima de que
a política é a arte de ocupar espaços. Traduzindo: se ele se licenciar, teme que outros senadores ocupem seu espaço, inviabilizando seu retorno à presidência do Senado. Além disso
receia que, longe da Casa, fique
mais difícil de se defender dos
dois processos que ainda tramitam no Conselho de Ética.
O presidente do Senado não
afasta, porém, a possibilidade
de tirar uns dias de férias, talvez duas semanas. Seus amigos
e familiares têm insistido nessa
saída para que seja criado um
clima propício no Senado para
apaziguar os ânimos.
Entre seus aliados, por sinal,
há uma expectativa que Renan
tome essa decisão antes de se
reunir com Lula, informando o
presidente de sua disposição de
tirar uns dias para descansar.
Tem aliado que já ventila até a
data para o início desse período
de férias: quinta-feira.
Na conversa com Lula, Renan dirá que alguns senadores
da oposição estão dispostos a
votar a favor da CPMF, mas para isso precisam de algum aceno do governo para justificar
sua posição.
O governo quer aprovar amanhã, em primeiro turno na Câmara, a emenda que prorroga o
imposto do cheque até 2011. Os
articuladores do governo estavam pedindo ajuda aos governadores para garantir quórum
na Casa -são necessários pelo
menos 308 votos de deputados.
No Senado, a previsão do governo é que a emenda entre em
pauta no plenário em meados
de outubro. Renan, segundo
auxiliares, poderia até tirar alguns dias de férias e retornaria
a tempo de comandar o processo de votação da emenda.
Até o final da tarde de ontem
o encontro de Renan com Lula
não estava agendado oficialmente. O presidente chegaria
na noite de ontem a Brasília,
vindo de Madri, última etapa de
seu giro pela Europa. Deve passar a manhã de hoje no Palácio
da Alvorada. Não está descartada uma ida de Renan até lá.
O Planalto trata como uma
"etapa natural" o encontro de
Lula e Renan, após a absolvição
do peemedebista no plenário
do Senado. Nos bastidores, o
governo dá sinais claros de
preocupação com um cenário
de descontrole no Senado, em
que Renan, mesmo absolvido,
não consiga conter a crise.
Renan tem dito que não deixará o cargo. Enquanto estava
na Europa, na última semana,
interlocutores indicaram a Lula que o peemedebista insistirá
em permanecer na cadeira.
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