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Jobim agora diz não saber se maleta da Abin faz grampo
Ministro afirma à CPI dos Grampos que confirmação depende de "investigação"
Documento que, segundo Jobim, provaria compra de equipamentos, são dados extraídos da internet; agência nega ter aparelhos
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Defesa, Nelson
Jobim, recuou ontem da acusação feita por ele há duas semanas de que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) comprou equipamentos capazes de
fazer grampos sem depender
de operadoras telefônicas. Em
depoimento à CPI dos Grampos, Jobim disse só ter recebido
informações de que os aparelhos tinham essa capacidade,
mas que não tem certeza disso.
Em 1º de setembro, em reunião do conselho político do governo, Jobim afirmou na presença do presidente Lula e de
seis ministros que a Abin comprara equipamentos com poder
de fazer escutas por meio de comissão do Exército em Washington (EUA). A acusação foi
decisiva para o afastamento do
diretor da Abin, Paulo Lacerda.
Dois dias depois, após a agência ter contestado, Jobim confirmou a acusação em declaração pública: "Na relação dos
aparelhos adquiridos pela
Abin, há alguns que têm essa
característica de interceptação
telefônica", disse.
Ontem, baixou o tom: "Eu
não tenho certeza sobre isso,
porque isso dependia de uma
investigação (...) Recebi notícias de que esses instrumentos
viabilizariam escuta, não fiz nenhuma afirmação".
Jobim decepcionou a CPI ao
entregar o documento que, segundo ele, foi apresentado a
Lula, e que provaria a compra
das chamadas maletas de
grampo. São cinco folhas extraídas da internet com a descrição dos equipamentos no site do fabricante. Questionado
se possui o registro oficial da
compra, disse: "Não tenho.
Posso providenciar, mas não
tenho". Este era o documento
aguardado pela comissão.
As suspeitas do ministro e da
comissão recaem sobre o
Stealth LPX Global Intelligence Surveillance System. A descrição do equipamento no
prospecto da internet apresentado à CPI revela a capacidade
de grampo, mas Jobim reconheceu que não tem certeza se
foi este o modelo adquirido pela Abin: "Se esse que está com
eles [Abin] pode ou não pode
[grampear], eu não sei".
Oficialmente, a Abin nega ter
equipamento que faça grampo.
Em conversas reservadas, autoridades da agência dizem ter
adquirido um modelo simples
do Stealth, que só faz varreduras. Em tese, ele pode ser adaptado para interceptação.
Jobim afirmou que, na reunião de coordenação política,
defendeu o afastamento do diretor da Abin, mas negou que
tenha feito isso com base nas
informações de compra de maletas. "A decisão [do afastamento de Lacerda] não se deu
por força dessa informação, e
sim da notícia de que a Abin tinha participado da interceptação [no telefone do presidente
do STF, Gilmar Mendes]."
O ministro negou que o Exército tenha comprado para si
próprio maletas de escuta.
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