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Viagem de Eike reforçou tese de vazamento
Uma das 4 razões apontadas pela PF é que empresário e vice da MMX estavam no exterior quando a Toque de Midas foi deflagrada
Além disso, advogados foram à Justiça para saber da operação antes de ela ocorrer, e a PF descobriu que provas quase não serviam
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACAPÁ
Quatro situações levaram a
Polícia Federal a concluir que a
Operação Toque de Midas chegou ao conhecimento da MMX,
empresa de Eike Batista, antes
de ser realizada. Romero Menezes, diretor-executivo da PF,
chegou a ser preso pela suspeita de ser o autor do vazamento.
Ele já foi liberado.
A operação foi realizada em
julho deste ano e investiga se a
empresa se beneficiou de um
suposto direcionamento de
uma licitação estadual para a
concessão de uma ferrovia.
A suspeita de vazamento se
tornou certeza no dia da operação, segundo a Folha apurou.
Ao cumprir os mandados de
busca e apreensão, descobriu-se que todos os principais suspeitos haviam viajado.
Eike estava em Nova York.
Flávio Godinho, vice-presidente da empresa, havia ido para
Miami. Braz Josaphat, apontado como "lobista" do grupo
com o governo do Amapá, estava em Brasília. José Frederico,
ex-funcionário da MMX, viajara para Santana (AP).
Apenas Eike justificou sua
ausência, dizendo que estava
nos EUA passando férias com a
família. Uma possibilidade cogitada foi a de que as viagens ao
exterior faziam parte de uma
estratégia para evitar possíveis
prisões dos dois homens mais
poderosos da mineradora.
Ontem, a Folha não conseguiu contatar Godinho, Josaphat ou Frederico. Todos sempre negaram irregularidade na
licitação, assim como Eike.
As suspeitas de vazamento se
iniciaram uma semana e meia
antes da operação, quando advogados contratados pela empresa foram até à Justiça Federal em Macapá, que cuidava do
caso, para buscar informações
sobre a investigação. Mesmo
diante da negativa por escrito
de uma juíza sobre qualquer
mandado, e diante do segredo
de Justiça do inquérito, os advogados insistiam em saber o
que estava sendo articulado.
Outro ponto que levou à conclusão de que houve vazamento ocorreu na semana da operação, quando os representantes da MMX conversaram com
Anderson Rui Fontel, superintendente da PF no Amapá. Disseram a Fontel que sabiam que
a investigação estava sendo feita e que, se havia algum segredo até então, não existia mais.
Por último, descobriu-se
posteriormente que as provas
colhidas quase não tinham serventia à investigação, o que
contrariava o apurado nas interceptações telefônicas. Segundo uma pessoa envolvida
na investigação ouvida pela reportagem, há uma forte suspeita de que, sabendo que teriam
casas e escritórios revistados,
os suspeitos recolheram o que
os poderia incriminar.
Contatada, a PF no Amapá
não quis comentar o caso.
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