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PF vai indiciar empreiteiros, diz delegado
Responsável pela operação, que vazou para alguns investigados, afirma que "já há elementos" contra todos os envolvidos
César Hübner não culpa imprensa pelo vazamento e avalia que as buscas seriam apenas "a cerejinha do bolo" da investigação policial
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Responsável pela operação
da Polícia Federal contra as
maiores empreiteiras do país, o
delegado César Hübner, 41, disse em entrevista à Folha que
"já há elementos para indiciar
todos os envolvidos" por crimes relacionados a fraude a licitações realizadas pela Infraero, a estatal que administra aeroportos brasileiros.
A operação, que Hübner arrisca dizer que seria talvez a
maior da história do país na
área de fraude a licitações, ainda não tinha nome (internamente na polícia era chamada
de "caso Infraero"). Segundo a
reportagem apurou, entre as
empresas investigadas estão
OAS, Camargo Corrêa, Odebrecht, Nielsen e Gautama
Na semana passada, Justiça,
Ministério Público e PF souberam que vazara a decisão judicial da busca e apreensão na casa de investigados. No sábado, a
Folha divulgou a gestação da
operação. A PF abriu inquérito
para apurar o vazamento.
O pedido inicial da PF incluía
prisões, mas a Justiça concedeu apenas as buscas, em 2 de
setembro, decisão registrada
no andamento processual do
caso disponível na internet.
Com sete anos de PF, dois
dos quais dedicados ao "caso
Infraero", Hübner disse que
apesar do vazamento "este trabalho está bem sólido".
FOLHA - A ação será deflagrada?
CÉSAR HÜBNER - Estamos avaliando os prejuízos efetivos. Há,
por exemplo, os prejuízos materiais, relacionados a todo
aquele trabalho de levantamento dos alvos, que tinha sido
feito. Essa seria uma das maiores, senão a maior operação envolvendo investigação de crimes relacionados a licitações
públicas. Este trabalho está
bem instruído. Já há elementos
para indiciar todos os envolvidos. O passo primordial, agora,
nós já tomamos, que era instaurar um inquérito para apurar o
vazamento das informações.
FOLHA - Que crimes estão comprovados?
HÜBNER - Os previsíveis quando se trata de fraude a licitação.
FOLHA - Corrupção ativa, passiva,
quadrilha...
HÜBNER - Com certeza.
FOLHA - O indiciamento normalmente ocorre depois que os investigados foram ouvidos. Já foram?
HÜBNER - Não.
FOLHA - A PF pretende indiciá-los
agora, antes do depoimento, no que
se chama de indiciamento indireto?
HÜBNER - Vamos avaliar o melhor momento. Existe a possibilidade de contar com eventual colaboração, há também a
delação premiada... É como disse: este trabalho, que já vimos
desenvolvendo nos dois últimos anos, está bem sólido. Nosso propósito com as buscas, seria, como vocês escreveram,
chegar a um complemento,
uma cerejinha no bolo.
FOLHA - A PF sabia que a informação havia vazado?
HÜBNER - Ficamos sabendo,
quando procurados pela imprensa, que a informação sobre
a operação já circulava. Essa investigação transcorre há dois
anos. Tomamos todos os cuidados para não haver vazamento.
Os trabalhos policiais foram
conduzidos fora da sede da PF,
por exemplo. No limiar de deflagrar, ocorreu esse vazamento. Não culpamos a imprensa,
que está cumprindo o seu trabalho. Mas tem um inquérito
instaurado e vamos buscar saber como isso ocorreu.
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