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Suécia diz que caças serão montados com a Embraer
Saab diz ainda que irá investir 150% do preço dos aviões no Brasil, caso vença concorrência
Suecos também liberaram a venda do Gripen NG para a América Latina; americanos recusam venda para outros países, como a Venezuela
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O vice-ministro de Defesa da
Suécia, Hakan Jevrell, disse em
Brasília que a proposta da fábrica Saab para a renovação da
frota da FAB é montar os 36
aviões Gripen NG no Brasil,
com 40% de componentes nacionais, sobretudo da Embraer.
Segundo ele, isso garante um
preço, tanto do produto quanto
de operação, igual a metade do
oferecido pelos concorrentes.
Cada unidade do Gripen está
estimada em R$ 127,4 milhões.
O F-18, da Boeing (EUA), sai
por R$ 182 milhões, e o Rafale,
da Dassault (França), ficaria
em torno de R$ 254,8 milhões.
Jevrell e alguns dos principais executivos da Saab estão
no Brasil para atualizar suas
ofertas na reta final de coleta de
dados do programa FX-2, que
termina na próxima segunda-feira. Dois vice-presidentes da
Boeing também estão no país.
Sobre as críticas de que o caça sueco é monomotor, Jevrell
rebateu e disse que isso tem até
"vantagens": o avião é mais barato, de manutenção mais fácil
e, como é mais leve, tem melhor
desempenho na decolagem.
O ministro e o diretor-geral
da Saab no Brasil, Bengt Janér,
disseram que a empresa já faz
intercâmbio de técnicos e experiência com a Embraer e que
a Suécia é mais aberta à "real"
transferência de tecnologia.
Mas tanto a Suécia quanto os
EUA e a França já concordaram
publicamente com o requisito
da Aeronáutica de que o Brasil
tenha condições de integrar
qualquer sistema de armas, seja
nacional, seja comprado de estrangeiros, ao novo avião.
A diferença é que, enquanto o
F-18 trabalha com sistemas
norte-americanos, e o Rafale,
com franceses, o Gripen NG é
ainda um projeto, com cerca de
50% de componentes de diferentes fornecedores e países. O
motor, por exemplo, é dos EUA.
Os suecos ainda oferecem
compensação não só de 100%,
mas de 150% do preço do avião
para investimentos em projetos e parcerias no Brasil.
Isso inclui a construção de
um "centro de desenvolvimento" para montar o Gripen NG
no Brasil e daqui vendê-lo para
a América Latina e outros mercados onde a Embraer já atua.
Enquanto a Boeing não assume o compromisso de autorizar a venda do seu caça para outros países, como a Venezuela,
o ministro e o representante da
Saab no Brasil, Bengt Janér,
comparam: não há qualquer
impedimento de venda.
"Não queremos dependência. Não há restrição a nenhum
país como comprador na América Latina", disse Jevrell,
acrescentando que, caso a Saab
vença a concorrência, ela e a
Embraer vão dividir os mercados. "Onde a Embraer for mais
forte, ela será a líder", disse.
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