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SEGUNDO TURNO
Presidente usa estratégia tucana de reforçar falta de preparo de petista e diz que ele não tem "domínio pleno" do assunto
Lula critica economia; FHC acusa 'sapato alto'
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O candidato Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) criticou ontem em São
Bernardo do Campo a política
econômica do governo. À tarde,
de Brasília, o presidente Fernando
Henrique Cardoso rebateu, dizendo que o petista está colocando "sapato alto antes da hora".
Lula classificou a equipe econômica de "cega" e criticou o governo por insistir numa política que,
em sua opinião, privilegia o sistema financeiro em detrimento do
setor produtivo. "O que deve motivar o investimento do dinheiro é
a produção, não a especulação.
Lamentavelmente, estamos subordinados à especulação."
FHC, por meio de seu porta-voz, Alexandre Parola, disse que
as críticas de Lula à política econômica atual não são válidas porque o petista não teria "domínio
pleno" sobre o assunto.
Parola, ao ser questionado sobre a opinião de FHC em relação
às declarações de Lula criticando
a elevação das taxas de juros e
atribuindo à política econômica
uma suposta subordinação à especulação, disse: "A esse respeito,
o presidente sublinha que é muito
ruim a atitude de colocar sapato
alto antes da hora e sobretudo falar de assuntos em relação aos
quais não tem domínio pleno".
Segundo a Folha apurou, o comentário sobre falta de "domínio
pleno" de questões econômicas
foi usado por FHC para reforçar a
estratégia tucana de mostrar despreparo e falta de conhecimento
de Lula para governar.
Lula, ao falar da política econômica, disse que o Brasil "andou
para trás". "Era a oitava economia
do mundo havia oito anos e passou para a 11ª. O Brasil continua
numa política cega, de uma equipe econômica que não enxerga a
produção, seja na agricultura ou
na indústria, como única possibilidade de o Brasil sair da encalacrada que ele está vivendo", disse.
E completou: "Esse aumento da
taxa de juros [de 18% para 21%]
não vai resolver o aumento da inflação, que vem dos preços vinculados ao dólar, como do gás, da
gasolina e da energia elétrica. Fico
preocupado por a equipe econômica não ter em conta que a única
coisa que pode ajudar o Brasil
neste momento é o crescimento
da economia, o aumento das exportações e do mercado interno".
Apesar da crítica, Lula disse que
se empenhará em fazer a "transição mais civilizada" da história
brasileira, caso vença.
Após a pergunta ser encaminhada a FHC, o presidente reagiu
rapidamente e o briefing foi
adiantado cerca de duas horas. Há
três dias, o presidente disse em
discurso que o rumo do país não
mudaria se Lula fosse eleito. Anteontem, comandou reunião da
campanha tucana e avalizou os
ataques a Lula. Ontem, após gravar programas para Serra, FHC
interpretou que as críticas do petista passaram do limite, segundo
a Folha apurou.
(PLÍNIO FRAGA, LEILA SUWWAN e WILSON SILVEIRA)
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