São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 2005

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PAINEL

Senhor dos destinos
Por espantoso que pareça, contou na decisão dos deputados petistas de não renunciar a confiança de que José Dirceu (PT-SP) possa ser "absolvido" no Supremo Tribunal Federal. Cálculos do grupo do ex-ministro são que ele já tem cinco votos favoráveis entre os 11 ministros.

Última que morre
Até o julgamento do mérito da ação em que Dirceu pede a anulação do processo contra ele, previsto para amanhã, o deputado e seus advogados esperam obter mais dois votos no tribunal. "Se o Dirceu ganhar no Supremo, quem sabe o que acontecerá aqui?", diz um petista.

Você primeiro 1
Outro fator que reduziu a lista de renúncias foi o controle recíproco que PT e PP fizeram ao longo do dia. No meio da tarde, o líder do PP, José Janene (PR), soube que não passariam de três as deserções petistas. Decidiu-se que ele, Pedro Henry e Pedro Corrêa permaneceriam.

Você primeiro 2
No bunker petista, a notícia de que não haveria defecções no PP fez com que recuassem da idéia de renunciar Josias Gomes (BA) e o José Mentor (SP). Motivo: recairia sobre o PT a pecha de partido mais comprometido pelo "mensalão" da Casa.

Santo de casa
No caso de Mentor, pesou ainda na decisão de conservar o mandato a pressão familiar. Seu irmão, o deputado estadual Antonio Mentor (PT-SP), baixou em Brasília para impedi-lo.

Pressão total
O Planalto tentou até os 48min do segundo tempo empurrar todos "cassáveis" para a renúncia.

Coquetel molotov
A festança pelos 50 anos de Delúbio Soares no final de semana em Goiás deixou parte da oposição alvoroçada. Tucanos e pefelistas acham que o ex-tesoureiro do PT jogou gasolina na fraca fogueira das CPIs.

Mãozinha 1
A pedido do ministro Antonio Palocci, o prefeito paulistano, José Serra (PSDB), participou na semana passada de "conference call" com representantes de agências de avaliação de risco, que pouco depois anunciaram melhora no "rating" do Brasil.

Mãozinha 2
Na conversa, Serra disse que a situação do Brasil é melhor que a de países mais bem avaliados pelas agências, que o quadro fiscal está sob controle e que juros e câmbio precisam ser pouco a pouco corrigidos. Respondeu que Lula será competitivo em 2006. Perguntado, silenciou sobre sua possível candidatura.

Sangria estancada
Pela primeira vez desde o início da propaganda de televisão e rádio, pesquisa interna indica que parou de cair o apoio ao "sim" no referendo sobre armas do próximo domingo. O tracking da campanha pró-restrição registra oscilação positiva dentro da margem de erro.

PPP paulista
O tucano Geraldo Alckmin faz amanhã sua primeira audiência de Parceria Público-Privada. O governador espera captar R$ 890 mi em investimentos privados para a Linha 4 do Metrô.

Tesoura e cola
Prefeituras do interior de São Paulo reclamam de falhas no sistema de busca da nova versão eletrônica do "Diário Oficial", que as estaria levando a perder prazos oficiais, editais e outras informações relevantes. Para não falar do preço: o Estado cobra R$ 12 a hora dos assinantes.

Rebanho de votos
O PTB continua a pescar no tanque evangélico. Recém-filiado ao partido pelas mãos de Campos Machado (SP), o bispo Manoel Ferreira, que em 2002 teve dois milhões de votos para o Senado pelo Rio de Janeiro, será candidato a deputado federal.

TIROTEIO

Do senador Pedro Simon (PMDB-PR) sobre Lula, que durante visita à Itália disse ter voltado a "dormir tranqüilo" depois da eleição de Aldo Rebelo para presidir a Câmara:
-Pelo menos dessa vez o presidente não pode alegar que de nada sabia, já que liberou R$ 1 bi em emendas para garantir o apoio dos "mensaleiros".

CONTRAPONTO

Platéia ilustre

O vice-presidente da República, José Alencar, elogia o economista Paulo Nogueira Batista, professor da FGV, quase tanto quanto critica a política econômica conduzida pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
Há uma semana, durante a sabatina da Folha com Alencar, o vice, recém-filiado ao PMR, descascou como de costume as elevadas taxas de juros praticadas no país, que chegou a comparar a um "pacto com o diabo".
A dada altura, um dos entrevistadores apontou para Nogueira Batista, que a tudo assistia discretamente na platéia, e brincou com o sabatinado:
-Vice, sabe quem é aquele de camisa vermelha? É o futuro ministro da Fazenda se um dia o senhor assumir a Presidência.
No melhor estilo mineiro, Alencar se fez de desentendido e devolveu a pergunta:
-Quem? O Palocci está aqui?
A platéia caiu na gargalhada.


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