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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Com a cabeça na Paulista, Alckmin não conseguirá governar, diz Lula
Petista, que tem apoio de CUT, UNE e MST, afirma que, se eleito, tucano perseguirá movimentos
Presidente sustenta que, para governar, não basta saber de números, "é preciso conhecer e saber bater o coração pelo povo brasileiro"
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A BELÉM
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, durante comício em Manaus (AM), que o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, não conseguirá governar o país porque "é um paulista com a cabeça na avenida Paulista".
"Eu sou pernambucano, devo tudo na minha vida para São Paulo [...], mas um paulista com a cabeça da avenida Paulista não conseguirá governar este país, porque não vai governar para o bem da República. Ele que vá para caravana primeiro para conhecer o país", disse Lula, sem citar o nome do tucano.
"Porque pensa que para governar é só ter um curso universitário, é só conhecer os números? Número não tem importância. Para governar é preciso conhecer e saber bater o coração pelo povo extraordinário que é o povo brasileiro."
Ao citar a votação que obteve no Amazonas, Lula deu outra alfinetada no ex-governador de São Paulo. "Vocês não têm idéia de como se sente um homem quando 78% do povo de um Estado decide votar nele e não em quem vê a Amazônia de uma janela da avenida Paulista."
Lula também criticou o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), coordenador da campanha de Alckmin no Estado. No ano passado, Virgílio disse no Senado que seus filhos estavam sendo espionados pelo governo e que ele daria "uma surra" nos culpados.
"Faria muito melhor se o líder da oposição do PSDB, que é senador por este Estado, em vez de passar o dia me xingando no Senado, tivesse junto com o governador Eduardo Braga [PMDB] e o senador Gilberto Mestrinho [PMDB] ajudando a fazer as coisas pelo Amazonas."
Por telefone, Virgílio afirmou que Lula revelou "desapreço pelo processo democrático". "É triste ver uma pessoa que dirige um governo cheio de mazelas ir à minha terra me insultar."
Movimentos sociais
Depois da adoção discurso do medo sobre privatizações e fim do Bolsa Família, Lula trouxe ontem, em Belém, um novo "temor" caso Alckmin o supere: o de que os movimentos sociais serão marginalizados.
"Eu acho que a preocupação deles [dos movimentos sociais] é correta. Obviamente que nós não fizemos tudo o que gostaríamos de fazer. Mas a verdade é que nunca houve no Brasil nenhum governo que tivesse a abertura com o movimento social que nós tivemos", disse.
A "preocupação com os tucanos" fora externada antes pelo presidente nacional da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), Manoel José dos Santos, que integra a comitiva petista nas visitas a Belém e Manaus.
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