São Paulo, segunda-feira, 18 de novembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Prefeito reassume cargo, mas pode se ausentar por até 15 dias; presidente eleito recebe Cristovam Buarque no Torto

Lula pode anunciar hoje renúncia de Palocci

DA FOLHA RIBEIRÃO

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), viaja hoje a Ribeirão Preto (SP) para pedir à população que "compreenda" uma eventual renúncia do prefeito Antônio Palocci Filho (PT), coordenador da equipe de transição do PT e provável futuro ministro.
A renúncia de Palocci deve ocorrer nos próximos dias. Ele deve ocupar uma pasta na área econômica (Fazenda ou Planejamento) ou um ministério político (Casa Civil ou Secretaria Geral). No último dia 15, Lula praticamente confirmou a presença do prefeito licenciado em seu governo: "Palocci está tranquilo. Todo mundo sabe da importância do Palocci na minha equipe".
Hoje, Palocci reassume seu mandato de prefeito, após o término de sua licença. Ele não pode pedir novo afastamento, mas a Lei Orgânica do Município faculta a Palocci que se ausente da prefeitura por um período de até 15 dias. Caso opte por essa saída, ele poderá continuar acumulando os cargos de prefeito e de coordenador da equipe de transição até o anúncio da equipe ministerial.
A ida de Lula a Ribeirão visa amenizar a repercussão negativa da renúncia de Palocci, já que o prefeito, quando ainda era candidato, assinou em setembro de 2000 uma declaração, registrada em cartório, dizendo que cumpriria integralmente seu mandato.
Hoje, com Lula, Palocci inaugura dois de seus projetos prioritários, mas que ainda não estão concluídos. A estação de tratamento de esgoto, que deveria tratar 100% do esgoto local, vai tratar só 84%. O prédio da incubadora de empresas de saúde ficou pronto, mas as empresas só começarão a se instalar ali em janeiro.
As inaugurações e a festa de hoje servirão mais para Palocci deixar duas marcas importantes em sua passagem pela prefeitura. Na sua gestão anterior (93-96), Palocci inaugurou alguns projetos que não se concretizaram. Por isso, reinaugurou dois deles (o distrito empresarial e o programa de desfavelização) neste novo mandato.

Granja
Ontem à noite, Lula e sua mulher, Marisa, jantaram no Palácio da Alvorada com o presidente Fernando Henrique Cardoso e sua mulher, Ruth. Nos dois dias e meio que passou na Granja do Torto, Lula recebeu políticos, mas nada falou sobre o ministério.
Na sexta à noite, Lula recebeu a visita do deputado eleito Luiz Carlos Sigmaringa Seixas (PT-DF), que voltou no dia seguinte acompanhado do pai, Antonio Carlos, para um jantar que reuniu também o senador eleito Cristovam Buarque e o deputado Geraldo Magela, candidato derrotado ao governo do Distrito Federal.
Nas duas ocasiões, Lula evitou falar sobre nomes ou planos de governo. O presidente eleito evitou comentários até mesmo sobre sua futura residência em Brasília.
Cristovam disse a Lula que, em sua opinião, ele deveria morar no Palácio da Alvorada: "São ossos do ofício". Para o senador eleito, a Granja do Torto não oferece o mesmo simbolismo. Lula sorriu.
Nem mesmo a proposta de divisão do Ministério da Educação, uma proposta de Cristovam, foi discutida. O projeto prevê que o ensino fundamental fique com o MEC e as universidades com a pasta de Ciência e Tecnologia.
Sobre o ministério, Cristovam defende que os parlamentares em primeiro mandato não sejam chamados para o governo. Seria o caso dele e do senador eleito Aloizio Mercadante, mas não o de José Dirceu ou da senadora Marina Silva, cotada para o Meio Ambiente. Lula não se manifestou.



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