São Paulo, segunda-feira, 18 de novembro de 2002

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Equipe do PT segue lei do silêncio

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Às voltas com informações sobre a máquina do governo, a iniciativa mais clara da equipe de transição conduzida por Antônio Palocci Filho é seguir à risca a lei do silêncio. Técnicos e assessores, quando abordados à porta do escritório do grupo, no Centro de Formação do Banco do Brasil, em Brasília, têm a mesma resposta: "Olha, não levem a mal, mas temos uma determinação para não falar". Só quem fala é Palocci.
A equipe de transição já ganhou mais espaço para trabalhar depois das queixas puxadas pelo coordenador adjunto, Luiz Gushiken. Eram 780 m2 reservados inicialmente. Agora são quase 1.400 2, divididos em gabinetes, que ocupam mais uma ala do centro.
O comando político, restrito à sala presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, ganhou espaço, com gabinetes individuais para Luiz Dulci, secretário-geral do PT, José Dirceu, presidente do partido, além de sala de reunião, outra para trabalho e uma terceira de espera -com televisão.
Entre reuniões no BB e na Esplanada dos Ministérios, os petistas adotaram o restaurante do Centro de Formação, que oferece, entre as várias opções, comida árabe, massas e arroz integral.
Já Palocci, alvo preferido da imprensa, almoça em seu gabinete, aproveitando o tempo para encontros de trabalho. A refeição vem da cozinha da Presidência da República, que também pôs à disposição motoristas para o leva-e-traz de secretárias e assessores.
Depois de quase três semanas do início da transição, o grupo se reuniu e fixou o dia 24 de novembro para concluir, em 26 relatórios, um diagnóstico sobre a máquina do governo.
Num segundo momento, os técnicos vão condensar todas as informações em um único relatório, que será entregue aos integrantes do futuro governo no início de dezembro. Pode parecer pouco, mas é um avanço. No início da semana, somente Palocci e Gushiken estavam formalmente inscritos na equipe de transição.
A situação foi resolvida na terça-feira, em um almoço em que Palocci encaminhou a documentação de sua equipe ao coordenador da transição pelo lado do governo, ministro Pedro Parente (Casa Civil).
Não se trata de formalidade apenas. Até então o acesso ao site com informações sobre a máquina do governo estava limitado às senhas dos dois.
Os dias trabalhados até a terça-feira, a valerem as regras, não serão bancados pelo governo, para efeito de pagamento de salários, que variam de R$1.220 a R$ 8.000.
"Isso aqui é uma missão", disse José Augusto Valente, um fundador do PT que trocou a presidência do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) do Rio por um mês e meio em Brasília. Por ora, pensar em participar do novo governo é "assunto proibido".



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