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Dinheiro pago pela construtora teria sido enviado para os EUA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público do Estado
de São Paulo afirma que tem provas de que uma parte do dinheiro
pago pela construtora Mendes Júnior às empresas subcontratadas
foi enviada aos Estados Unidos.
A Promotoria identificou uma
remessa de US$ 843.233,56 feita
em 20 de janeiro de 1998 para a
conta de uma empresa chamada
Lespan S.A., no Citibank de Nova
York (EUA), cujo beneficiário é
identificado como "Chanani",
correntista do Safra National
Bank, para onde o dinheiro foi encaminhado no mesmo dia (veja a
reprodução do comprovante da
remessa no quadro acima).
A operação também está relacionada em papéis que supostamente fazem a contabilidade do
"caixa dois" da construtora Mendes Júnior, segundo Simeão Damasceno de Oliveira confirmou
em depoimento.
Na época, ele era coordenador
econômico-financeiro da construtora em São Paulo e teria sido o
autor da papelada, segundo seu
depoimento ao Ministério Público do Estado de São Paulo.
Nas investigações do Ministério
Público, Oliveira é a principal testemunha nas investigações sobre
os supostos desvios do dinheiro
destinado à construção da avenida Água Espraiada e dos supostos
pagamentos de propina a autoridades municipais.
A Lespan S.A. é uma casa de
câmbio estabelecida no Uruguai,
que tem atividades na Argentina e
foi investigada pelo Congresso
norte-americano sob a acusação
de estar envolvida em operações
de lavagem de dinheiro.
A Folha depositou US$ 10 na
conta de "Chanani" no Safra National Bank e verificou que ela
realmente existe e continua ativa.
O banco não quis dar detalhes sobre o titular da conta.
Para o promotor Silvio Marques, a operação comprovaria
que, do dinheiro supostamente
desviado da obra da avenida Água
Espraiada, uma parte foi remetida
ao exterior por meio de "cabo"
-operação em que o dinheiro
não é transportado fisicamente,
mas por transações virtuais.
Ele pediu à Justiça a expedição
de carta rogatória aos Estados
Unidos, para que a Justiça norte-americana faça o rastreamento do
dinheiro e verifique quem são
seus destinatários finais.
De acordo com o depoimento
de Oliveira, a remessa referente ao
documento da Lespan S.A. seria
destinada a Maluf. O ex-prefeito
também seria o destinatário de remessas feitas ao exterior por meio
de contas CC-5 (de não-residentes) e de pagamentos feitos no
Brasil em papel-moeda.
A Promotoria tenta estabelecer
um vínculo entre o dinheiro supostamente desviado no orçamento da construção da avenida
Água Espraiada e as contas que
Maluf e seus familiares mantêm
em Jersey, paraíso fiscal no canal
da Mancha, com US$ 200 milhões, conforme a Folha revelou
em 2001. Maluf sempre negou que
ele ou qualquer um de seus familiares tenham tido contas em Jersey, na Suíça ou quem qualquer
outro lugar no exterior: "Já desmenti mil vezes. Vou desmentir
2.000 vezes, 10 mil vezes, porque
não tenho contas. Não tenho nenhuma conta fora do Brasil", declarou Maluf em 22 de agosto.
Colaborou SÉRGIO DÁVILA, de Nova
York
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