São Paulo, quinta-feira, 18 de novembro de 2004

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JUSTIÇA

Decisão segura senador no cargo até julgamento final do STF; ele já foi condenado pelo TSE, sob acusação de comprar votos

Liminar mantém Capiberibe no Senado

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma liminar do Supremo Tribunal Federal garantiu ontem ao senador João Alberto Capiberibe e à mulher dele, a deputada federal Janete Capiberibe, ambos eleitos pelo PSB do Amapá, a manutenção de suas cadeiras no Congresso Nacional até que seja julgado o recurso que interpuseram contra a decisão da Justiça Eleitoral que cassou seus mandatos sob a acusação de compra de votos.
Frente à decisão favorável do Supremo, o Senado retirou da pauta de votações o projeto de lei elaborado com o objetivo de conceder anistia ao senador e à deputada (leia texto nesta página).
A decisão, do ministro Eros Grau, reconhece a existência de perigo de danos irreversíveis caso os mandatos não fossem preservados até o julgamento do recurso apresentado ao Supremo com o qual os Capiberibe pretendem reaver definitivamente seu lugar no Congresso.
Ainda na decisão, Grau diz ser de "duvidosa constitucionalidade" o dispositivo da legislação eleitoral em vigor segundo o qual, sendo cassado, o congressista é obrigado a deixar o mandato imediatamente.
Anteontem, o ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Carlos Velloso havia negado pedido apresentado pelos advogados dos Capiberibe com a intenção de suspender os efeitos da decisão do tribunal.
Os dois aguardam o julgamento de recurso interposto ao Supremo no qual negam a prática de compra de votos, acusação que foi acolhida pelo TSE em julgamento de abril deste ano.
O veredicto foi reafirmado em setembro, quando o tribunal se pronunciou sobre recurso do casal apresentado na tentativa de reverter a perda dos mandatos.
As principais acusações que pesam contra os Capiberibe estão nos depoimentos de duas mulheres que disseram ter recebido R$ 26 para votar no casal. O senador e a deputada contestaram a veracidade dos relatos.

"Casuísmo"
Ontem, no início da sessão ordinária do Supremo Tribunal Federal, ministros classificaram como "casuísmo" o projeto de lei apresentado por senadores cujo efeito prático seria salvar o casal Capiberibe da cassação.
De acordo com os ministros, ao contrário de iniciativas legislativas apresentadas em eleições passadas, nas quais o objetivo era para conseguir, por exemplo, a anistia de multas contra candidatos, desta vez o Legislativo teria agido de forma cirúrgica, tendo como único intuito salvar mandatos específicos.


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