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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PALOCCI NA MIRA
Em depoimento no Senado, estratégia do ministro da Fazenda foi usar versões parciais e se esquivar de perguntas sobre negociações suspeitas
Palocci omitiu contratos de sua prefeitura
ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO
Em seu depoimento anteontem
à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o ministro Antonio Palocci usou, em alguns
pontos, a omissão como defesa.
Ele não se referiu, por exemplo,
aos contratos de saneamento assinados em suas duas passagens pela Prefeitura de Ribeirão (1993-1996 e 2001-2002). Um deles foi
com o consórcio Ambiental, liderado pela empreiteira Rek, do empresário Roberto Carlos Kurzweil, o dono dos Omegas utilizados pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e, segundo a revista
"Veja", pelo ex-secretário de Palocci Ralf Barquete (para transportar dólares que teriam vindo
de Cuba). O contrato está estimado em R$ 400 milhões.
O outro contrato, assinado em
2002 por Palocci, no valor de
R$ 41,6 milhões, foi vencido pela
Leão Leão, e se refere à coleta de
lixo hospitalar e manutenção de
aterro. A mesma empresa já havia
sido contratada emergencialmente pelo município cinco vezes para manutenção de aterro.
Sobre a "República de Ribeirão", Palocci também deu uma
versão parcial e não mencionou
os amigos que foram para o governo federal, não necessariamente para o Ministério da Fazenda. No total, pelo menos 15
pessoas ligadas a Palocci trabalham para o governo federal ou
instituições ligadas a ele.
Palocci também deu versão parcial quando disse que o Ministério
Público Estadual "transmitiu e divulgou" o depoimento de Rogério
Buratti antes do fim. Os promotores deram quatro entrevistas no
dia em que Buratti depôs porque
o ex-assessor de Palocci prestou
quatro depoimentos. É verdade,
porém, que houve vazamento da
fita com o depoimento.
O ministro da Fazenda também
se queixou de ser investigado em
instância imprópria, sem foco e,
por isso, estaria havendo uma devassa na sua vida. Palocci não está
sendo investigado em Ribeirão
nem pela Polícia Civil nem pelo
Ministério Público Estadual.
A investigação se refere às fraudes em licitações públicas de limpeza urbana que envolvem a empreiteira Leão Leão. O nome de
Palocci foi levado para o centro
das denúncias por Buratti, que citou quatro prefeituras da região
como recebedoras de propina
-duas do PT e duas do PSDB.
Promotores e delegados disseram
não ter provas contra o ministro.
Dossiê
O vereador Nicanor Lopes
(PSDB), de Ribeirão Preto, procurou ontem o gabinete do senador
Álvaro Dias (PSDB-PR) para entregar o que classificou como um
dossiê com denúncias de irregularidades durante a administração
de Palocci em Ribeirão.
Entre os documentos, distribuídos para a imprensa pelo vereador, está a gravação de uma entrevista feita pelo repórter da Folha
Ribeirão, Rogério Pagnan, com
Augusto Pereira Filho, ex-diretor
da Coderp (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto) em 2002.
Pereira Filho revelou à Folha,
em reportagem publicada em 7 de
julho deste ano, que por nove meses recebeu cerca de R$ 2.250
mensais da CVP (Construtora
Vale do Paranapanema). Ele recebia R$ 2.750 do município.
Na fita, o ex-diretor afirma que
o pagamento desse "extra" teria
sido negociado pelo então superintendente da Coderp, Juscelino
Dourado, que foi chefe de gabinete do ministro Palocci. Dourado
negou, na época. A empresa também negou, em julho, que pagasse
funcionários da prefeitura.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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