São Paulo, sexta-feira, 18 de novembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CPI DOS CORREIOS

Proposta para antecipar a conclusão dos trabalhos em dois meses interessa a ambos os partidos, mas não conta com o apoio do PFL

PT e PSDB tentam encerrar CPI em fevereiro

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Integrantes da base aliada e do PSDB na CPI dos Correios querem antecipar o fim das investigações em dois meses. A comissão terminaria em dezembro, mas um requerimento da oposição, capitaneado pelo PFL, prorrogou os trabalhos até abril, impondo uma derrota ao governo.
A conclusão dos trabalhos em fevereiro começou a ser discutida anteontem em uma reunião entre o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), o relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) e o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), que é relator-adjunto.
Ao negociar um prazo intermediário para o término das investigações, Delcídio, que também é líder do PT no Senado, oferece uma solução para o Planalto, que não quer estender a crise para o próximo ano, quando há eleições.
Já o PSDB estaria seguindo orientação do prefeito de São Paulo, José Serra, o tucano com mais chances nas pesquisas. A avaliação dele, segundo parlamentares, é que prorrogar a CPI até abril, véspera das eleições, prejudica tanto o PT quanto o PSDB.
Os tucanos já saíram respingados da atual crise. Pressionado pelas denúncias, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) admitiu à CPI ter utilizado caixa dois em sua campanha de reeleição ao governo de Minas, em 1998. A fonte dos recursos teria sido o publicitário Marcos Valério de Souza -mesmo esquema utilizado pelo PT. Azeredo deixou a presidência do partido.
O PFL não concorda em apressar o final dos trabalhos. "Não tem acordo para isso, o PFL não aceita. Existe um prazo regimental que é abril. Se chegar março e o trabalho estiver feito é outra história. Não vamos decidir isso por antecipação", afirmou o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), sub-relator.
O governo convenceu 66 deputados a retirar as assinaturas do requerimento de prorrogação da CPI. A manobra não teve sucesso porque o documento ficou com o apoio de 171 deputados -o mínimo necessário.
"Infelizmente a CPI dos Correios encaminhou esse assunto sem uma discussão prévia. Se tivesse que prorrogar um pouco mais poderia ter sido feito, mas sem ser de uma forma aleatória ou por razões político-eleitorais", afirmou anteontem o líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP).
A prorrogação ainda está sendo contestada. O deputado Carlos Willian (PMDB-RJ) recorreu anteontem à Mesa da Câmara para a retirada de sua assinatura. O requerimento excluindo o seu apoio foi apresentado antes de a oposição protocolar o documento que incluía sua assinatura, logo não foi considerado. O mesmo aconteceu com o deputado Wladimir Costa (PMDB-PA).
A argumentação, também utilizada pelos líderes governistas, não foi aceita pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). "Essa não é uma decisão política, não é uma filigrana qualquer. A Mesa tem que se guiar pela cronologia, quando eles entregaram o pedido de retirada de assinaturas elas não existiam ainda. Não há o quer resolver, já está resolvido", afirmou.
O presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), deve encaminhar à Mesa do Congresso o recurso de Willian, cabendo à Renan a palavra final. Os dois almoçaram ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais). Delcídio foi chamado à presidência do Senado antes do encontro.
Integrantes da CPI dos Correios pediram ontem ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Nelson Jobim, a reconsideração das liminares que impediram a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da Prece -fundo de pensão dos funcionários da Cedae (Companhia de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro) e da corretora Ipanema. Há mais seis pedidos de liminar de operadores do mercado financeiro e corretoras.
Eles também pediram ao procurador-geral Antônio Fernando Souza o bloqueio de bens da Skymaster, que faz transporte aéreo de cargas para os Correios. Os sócios da empresa estão sendo acusados por integrantes da CPI de evasão de divisas e superfaturamento no contrato com a estatal. A empresa nega.


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