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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CPI DOS CORREIOS
Proposta para antecipar a conclusão dos trabalhos em dois meses interessa a ambos os partidos, mas não conta com o apoio do PFL
PT e PSDB tentam encerrar CPI em fevereiro
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Integrantes da base aliada e do
PSDB na CPI dos Correios querem antecipar o fim das investigações em dois meses. A comissão
terminaria em dezembro, mas
um requerimento da oposição,
capitaneado pelo PFL, prorrogou
os trabalhos até abril, impondo
uma derrota ao governo.
A conclusão dos trabalhos em
fevereiro começou a ser discutida
anteontem em uma reunião entre
o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), o relator
Osmar Serraglio (PMDB-PR) e o
deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), que é relator-adjunto.
Ao negociar um prazo intermediário para o término das investigações, Delcídio, que também é líder do PT no Senado, oferece uma
solução para o Planalto, que não
quer estender a crise para o próximo ano, quando há eleições.
Já o PSDB estaria seguindo
orientação do prefeito de São
Paulo, José Serra, o tucano com
mais chances nas pesquisas. A
avaliação dele, segundo parlamentares, é que prorrogar a CPI
até abril, véspera das eleições, prejudica tanto o PT quanto o PSDB.
Os tucanos já saíram respingados da atual crise. Pressionado
pelas denúncias, o senador
Eduardo Azeredo (PSDB-MG)
admitiu à CPI ter utilizado caixa
dois em sua campanha de reeleição ao governo de Minas, em
1998. A fonte dos recursos teria sido o publicitário Marcos Valério
de Souza -mesmo esquema utilizado pelo PT. Azeredo deixou a
presidência do partido.
O PFL não concorda em apressar o final dos trabalhos. "Não
tem acordo para isso, o PFL não
aceita. Existe um prazo regimental que é abril. Se chegar março e o
trabalho estiver feito é outra história. Não vamos decidir isso por
antecipação", afirmou o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), sub-relator.
O governo convenceu 66 deputados a retirar as assinaturas do
requerimento de prorrogação da
CPI. A manobra não teve sucesso
porque o documento ficou com o
apoio de 171 deputados -o mínimo necessário.
"Infelizmente a CPI dos Correios encaminhou esse assunto
sem uma discussão prévia. Se tivesse que prorrogar um pouco
mais poderia ter sido feito, mas
sem ser de uma forma aleatória
ou por razões político-eleitorais",
afirmou anteontem o líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP).
A prorrogação ainda está sendo
contestada. O deputado Carlos
Willian (PMDB-RJ) recorreu anteontem à Mesa da Câmara para a
retirada de sua assinatura. O requerimento excluindo o seu
apoio foi apresentado antes de a
oposição protocolar o documento que incluía sua assinatura, logo
não foi considerado. O mesmo
aconteceu com o deputado Wladimir Costa (PMDB-PA).
A argumentação, também utilizada pelos líderes governistas,
não foi aceita pelo presidente do
Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL). "Essa não é uma decisão política, não é uma filigrana
qualquer. A Mesa tem que se
guiar pela cronologia, quando
eles entregaram o pedido de retirada de assinaturas elas não existiam ainda. Não há o quer resolver, já está resolvido", afirmou.
O presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP),
deve encaminhar à Mesa do Congresso o recurso de Willian, cabendo à Renan a palavra final. Os
dois almoçaram ontem com o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Jaques Wagner
(Relações Institucionais). Delcídio foi chamado à presidência do
Senado antes do encontro.
Integrantes da CPI dos Correios
pediram ontem ao presidente do
STF (Supremo Tribunal Federal),
Nelson Jobim, a reconsideração
das liminares que impediram a
quebra dos sigilos bancário, fiscal
e telefônico da Prece -fundo de
pensão dos funcionários da Cedae (Companhia de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro) e da corretora Ipanema. Há mais seis pedidos de liminar de operadores do
mercado financeiro e corretoras.
Eles também pediram ao procurador-geral Antônio Fernando
Souza o bloqueio de bens da
Skymaster, que faz transporte aéreo de cargas para os Correios. Os
sócios da empresa estão sendo
acusados por integrantes da CPI
de evasão de divisas e superfaturamento no contrato com a estatal. A empresa nega.
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