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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CASO CELSO DANIEL
Suspeito de mandar matar o ex-prefeito de Santo André se declara "vítima" no caso e diz que "Sombra" nunca foi seu apelido
Gomes da Silva é questionado por depósitos
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O empresário Sérgio Gomes da
Silva, considerado pelo Ministério Público como mandante da
morte do prefeito Celso Daniel
(Santo André), não conseguiu explicar à CPI dos Bingos sua movimentação bancária entre 97 e 99,
em que aparecem depósitos e saques para várias pessoas envolvidas com a prefeitura e empresas
de lixo e transporte.
Aos senadores, Gomes da Silva
também se disse "vítima" no caso
e considerou que a morte do prefeito ocorreu porque eles estavam
"na hora errada, no lugar errado".
O empresário estava com Celso
Daniel, em um carro blindado,
quando ele foi seqüestrado, antes
de ser morto, em janeiro de 2002.
"Acho que nós fomos atropelados por aquela quadrilha. Estávamos passando na hora errada, no
lugar errado", disse Gomes da Silva. O empresário, conhecido no
caso como "Sombra", é acusado
de envolvimento em suposto esquema de propina na prefeitura
para contribuição de campanhas
políticas do PT. Quebra do sigilo
bancário dele em poder da CPI
mostrou vários cheques pagos
por ele -num valor total de R$
182,2 mil- a funcionários da prefeitura e pessoas ligadas a empresas de lixo e transporte.
Ontem, ele alegou que podem
ser "empréstimos". "Posso ter
emprestado [esse dinheiro]. Acho
normal em relação de amizade. Se
as pessoas precisam, pedem", disse. "Pois eu estou atrás de uma
pessoa assim", ironizou o senador
Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), relator da CPI.
Também há, em 1997, quatro
depósitos na conta de Gomes da
Silva feitos por Luiz Alberto Gabrilli, dono de empresa de ônibus
em Santo André. A família Gabrilli denunciou a suposta existência
de um esquema de propina, dizendo que cada empresa contribuía com cerca de R$ 550 por veículo. Para os senadores, o empresário disse que se tratava de pagamento por serviço de segurança
prestado por ele a empresas de
Ronan Maria Pinto, também acusado de participar do esquema e
ex-sócio de Gomes da Silva.
"Eu recebi por serviços prestados ao Ronan, com quem combinei de emitir nota fiscal por grupo
de depósitos que eu recebia", afirmou ele, negando que soubesse
do esquema de propina ou que tivesse algum tipo de relação comercial com os Gabrilli.
Depois de os senadores insistirem para que ele explicasse as
movimentações, o senador Magno Malta (PL-ES) ameaçou: "O
senhor já mentiu tanto que poderia até ser preso aqui".
Gomes da Silva disse que trabalhou na prefeitura apenas entre
1989 e 1992 e atualmente não consegue nem dar aulas -afirmou
ser pedagogo.
Apelido
Logo no início do depoimento,
Gomes da Silva fez questão de explicar que é conhecido pelo apelido de "Chefe", inclusive usado
por Celso Daniel para se referir a
ele. Segundo o empresário, o apelido "Sombra" só surgiu após a
morte do prefeito. "Passo a ser
chamado de "Sombra" a partir dos
depoimentos do Ministério Público de Santo André. Esse nome é
sugestivo. É quase uma encomenda", afirmou. Depois, criticou o
Ministério Público, afirmando
que não teve oportunidade de se
defender.
Gomes da Silva entrou no STF
(Supremo Tribunal Federal) com
habeas corpus pedindo liminar
para não prestar depoimento ontem, mas o ministro Marco Aurélio de Mello negou.
O depoimento, o terceiro do dia
na CPI, começou por volta das
20h e até o fechamento desta edição não havia terminado.
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