São Paulo, sexta-feira, 18 de novembro de 2005

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Para ex-secretário de Daniel, PT quis despolitizar morte

DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


Ex-secretário de Serviços Urbanos de Santo André durante o mandato do prefeito assassinado Celso Daniel, Klinger de Oliveira Souza confirmou ter havido "pressão", vinda "de amigos de Celso Daniel", nas investigações da polícia para que ela não "politizasse" o caso.
As afirmações foram feitas ontem, durante depoimento à CPI dos Bingos. O empresário Ronan Maria Pinto, acusado pelo Ministério Público de participar de um esquema de corrupção em Santo André envolvendo recolhimento de recursos de empresas de ônibus para um suposto caixa dois do PT, depôs antes de Klinger.
Tanto Ronan como Klinger negaram o esquema de propina. Klinger desclassificou a denúncia, dizendo que os proprietários da empresa que a fizeram protelavam o cumprimento de cláusulas contratuais.
Ronan foi sócio de Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, em pelo menos três empresas de ônibus. As sociedades foram desfeitas, a última delas em março de 2003. Sombra é suspeito de ser o mandante da morte de Daniel.
Ronan disse não ser amigo de Sombra, mas ter apenas vínculos formais por causa dos negócios em comum.
Mesmo tratando de se distanciar de Sombra, Ronan disse acreditar que ele não seria capaz de mandar matar o prefeito de Santo André.
Ao contrário de Ronan, Klinger disse ser amigo de Sombra e de Celso Daniel. Questionado se tinha brigado com Daniel, Klinger disse que vivia "verdadeira lua-de-mel" com o prefeito.
Sobre outras mortes de pessoas ligadas ao caso, considerou "coincidência".

Publicidade
Entre os negócios recentes de Ronan está a compra, no final de 2004, de 50% das ações do "Diário do Grande ABC". O presidente da CPI, Efraim Morais (PFL-PB), apresentou uma planilha mostrando que o jornal recebeu de publicidade de estatais e do governo federal entre janeiro e maio deste ano pouco menos que a Folha e "O Estado de S. Paulo".
Enquanto a Folha recebeu R$ 4,5 milhões e o "Estado", R$ 4,3 milhões no período, o "Diário" ficou com R$ 3,8 milhões, sendo a Petrobras e a Caixa Econômica Federal os maiores clientes.
A Petrobras informa que "de janeiro a maio de 2005 a Petrobras investiu R$ 295 mil no Estado de S. Paulo, R$ 577 mil na Folha de S.Paulo e R$ 322 mil no Diário do Grande ABC". Desse último valor, R$ 262 mil seriam referentes à última parcela de dois projetos especiais.
"O que a Petrobras recebeu do "Diário do Grande ABC" foi a proposta comercial de projetos que se mostraram de grande interesse para a empresa", diz a nota.
A empresa diz que "O Diário do Grande ABC" é líder em leitores nas sete cidades que compõem a região do Grande ABC. "Estamos falando do terceiro mercado consumidor dos produtos da Petrobras e de cidades próximas a várias unidades de negócio da Petrobras."
A Caixa divulgou nota dizendo desconhecer os valores. Segundo ela, todas as publicações no "Diário" neste ano foram cobertas por bonificações a que tinha direito, referentes a 2004.


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