São Paulo, domingo, 18 de novembro de 2007

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Painel

VERA MAGALHÃES (interina) - painel@uol.com.br

Chamem o médico

Sai Guido Mantega, entra José Gomes Temporão. Encerrada a etapa das concessões na economia, o governo deflagra esta semana a estratégia do "apelo dramático pela saúde" para tentar vencer as resistências à aprovação da CPMF. O ministro da Saúde foi escalado por Lula para procurar senadores da base e da oposição, batendo na tecla dos valores que deixariam de ser repassados aos Estados com o fim da contribuição.
Nos cálculos do Planalto, seriam sensíveis ao apelo tucanos de Estados onde o PSDB governa, como Eduardo Azeredo (MG), João Tenório (AL) e Cícero Lucena (PB), e governistas de locais onde a saúde beira o colapso, como o Ceará de Patricia Saboya (PSB) e o Rio Grande do Sul de Pedro Simon (PMDB).

Pais da matéria. Na estratégia "SOS Saúde", o Palácio do Planalto tenta marcar uma "oportunidade para foto" que reúna Temporão e o idealizador do imposto do cheque, Adib Jatene - elevado à condição de herói de Lula pelo "tem que pagar!" a Paulo Skaf, presidente da Fiesp, opositor ferrenho da CPMF.

Eu também. Adversário do presidente interino do Senado, Tião Viana (PT), no Acre, Geraldo Mesquita (PMDB) é mais um dos que esperam utilizar a negociação pela aprovação do imposto do cheque para conseguir emplacar pleitos de cargos no Estado há muito engavetados.

Página virada. O sinal claro de que não há no Senado a menor disposição de cassar Renan Calheiros (PMDB-AL) vem da cúpula do DEM. Na primeira votação em plenário, o partido fechou questão pela perda do mandato do peemedebista. Agora, submergiu e adotou um discurso de que a prioridade é derrubar a prorrogação da CPMF.

Esqueletos. Peemedebistas ligados a Renan Calheiros fazem circular nos corredores do Senado que, caso o PT abandone o presidente licenciado da Casa, o PMDB fará carga contra a líder Ideli Salvatti (SC) na CPI das ONGs e representará contra Delcídio Amaral (MS) no caso do mensalão sul-mato-grossense.

Cirúrgico. A trinca de líderes do PMDB foi advertida pelo Planalto: a condução da sucessão de Renan não pode deixar mortos pelo caminho. A ordem do governo tem um objetivo específico: evitar que, caso se sintam atropelados, Garibaldi Alves (RN) e Gerson Camata (ES) passem a engrossar o coro do grupo que ameaça votar contra a prorrogação do imposto do cheque.

Fogo amigo 1. Queridinha de Lula e alçada à condição de sua possível sucessora, Dilma Rousseff virou alvo de críticas dentro do PT. Parlamentares e dirigentes passaram a bater em sua política de energia, que teria sido vendida ao Planalto como solução para o país e agora enfrenta problemas, como o do gás.

Fogo amigo 2. Egressa do PDT, a ministra da Casa Civil é vista como "cristã nova" no PT. Também tem pouca influência na burocracia partidária, onde integra grupo com menos de 20% da direção, e desperta ciúmes pelo prestígio no governo, "onde manda em 70% das áreas", reclama um deputado federal da sigla.

Cartolagem. O estafe de José Serra dá como certo que São Paulo ficará com a abertura da Copa de 2014, mas a CBF e Lula trabalham em silêncio por Aécio Neves. A entidade de futebol é grata pela ação do mineiro para enterrar a CPI do Corinthians, e o presidente não pára de dizer que suas relações com ele estão "melhores do que nunca".

Matriarcado. Em tempos de ascensão das mulheres na política, o PSDB se preocupou em ampliar a representação feminina na nova Executiva Nacional do partido, que será eleita na quinta-feira. Farão parte da cúpula as senadoras Lúcia Vânia (GO) e Marisa Serrano (MS) e a deputada Thelma de Oliveira (MT).

Tiroteio

"Voltamos à pauta do regime militar: petróleo e submarino nuclear. Só falta o Brasil potência".
Do deputado RAUL JUNGMANN (PPS-PE) sobre a idéia do ministro Nelson Jobim (Defesa) de o país adquirir um submarino nuclear para proteger a região do megacampo de petróleo de Tupi, na Bacia de Santos.

Contraponto

Debutantes

Em conversa com Lula na recente cúpula ibero-americana, Evo Moralez fez efusivos elogios ao embaixador brasileiro na Bolívia, Frederico Araújo. Contou que certa vez telefonou para o diplomata, avesso a celulares.
-Embaixador, aqui é Evo-, saudou o presidente.
A ligação foi imediatamente interrompida.
Semanas depois, ao encontrar Araújo pessoalmente, cobrou-lhe o ocorrido, em tom bem-humorado:
-Devo dizer que o senhor foi o primeiro embaixador a desligar o telefone na minha cara!
-E o senhor saiba que foi o primeiro presidente a me telefonar diretamente no celular!


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