São Paulo, domingo, 18 de novembro de 2007

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Outro lado

Cisco não comenta doações, mas afasta dois funcionários

Advogado que defende os empresários Ernani Bertino e Cid Guardia Filho diz que "doações foram oficiais e contabilizadas"

DA REPORTAGEM LOCAL

A Cisco não quis comentar o uso de empresas laranjas para fazer as supostas doações ao PT. Em nota enviada a partir de sua sede em San Jose, na Califórnia (EUA), informa que os dois funcionários citados na reportagem da Folha (Carlos Carnevali Júnior e Sandra Tumelero) serão afastados.
O texto diz que o afastamento é resultado de uma investigação interna que está em curso na filial brasileira após as acusações da Polícia Federal de fraude nas importações.
Segundo a nota, "a Cisco decidiu colocar os funcionários Carlos Carnevali Júnior e Sandra Tumelero em licença administrativa remunerada. Esses funcionários serão mantidos nessa situação até que seja concluída a investigação interna conduzida pela empresa".
A Cisco não permitiu entrevistas com Carnevali Júnior.
A CEF (Caixa Econômica Federal) informa que sua Vice-presidência de Logística, responsável pelos processos de licitação, afirmou que não houve alteração no edital do pregão eletrônico 157/2006.
O advogado Celso Vilardi, que defende os empresários Cid Guardia Filho (Kiko) e Ernani Bertino, confirmou que a ABC Industrial doou R$ 250 mil para o PT. "As doações foram oficiais e contabilizadas. Se foram contabilizadas, as empresas têm capacidade [financeira] para fazer as doações."
Segundo ele, é "maldade" da polícia chamar a ABC de empresa registrada em nome laranjas: "O Kiko e o Ernani geriam de fato a ABC. Eles tinham um contrato assinado para fazer a gestão".
A reportagem não conseguiu falar com os diretores da ABC Industrial na sede da empresa, em Lauro de Freitas (BA). Um funcionário que conversou com a reportagem na última quarta-feira, que declarou se chamar Azevedo, contou que os diretores ficavam em São Paulo e que ligariam para o jornal, o que não ocorreu até a conclusão desta edição.
O advogado de Marcelo Ikeda, com quem foram apreendidos os recibos, Antonio Ruiz Filho, disse que não teve acesso aos documentos e que, por isso, não poderia falar sobre as doações ao PT. "Desconheço, não posso dizer se são verdadeiros ou não, desconheço os fatos."
Ruiz Filho, que defende outros três acusados da fraude, também disse ignorar se Ikeda mantinha algum tipo de contato com a ABC Industrial e a Nacional Distribuidora.
A Damovo enviou a mesma nota que emitiu quando a Folha revelou o caso das doações ao PT, em 27 de outubro último. No texto, a empresa alega desconhecer "totalmente hipotéticos episódios (...), relativos a ganho indevido de licitação promovida pela Caixa Econômica Federal".
De acordo com a nota, a Damovo "rechaça veementemente qualquer alusão que [a] envolva em suposto esquema ilegal para fechamento de contrato". A empresa afirma que participou do pregão 157/2006, venceu um lote e perdeu três.
A reportagem deixou recados na casa de Marcos Zenatti e em uma empresa na qual ele trabalharia, a Tecnosul, mas ele não telefonou de volta.
A reportagem tentou entrevistar Gerson Orestes Soares Oliveira em um telefone em Campinas, onde ele seria dono de bar. Seu nome aparece no inquérito da PF como o dono de 95% das ações da Nacional. Oliveira respondeu aos questionamentos do repórter com palavrões. (MCC E JEC)


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