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Outro lado
Cisco não comenta doações, mas afasta dois funcionários
Advogado que defende os empresários Ernani Bertino e Cid Guardia Filho diz que "doações foram oficiais e contabilizadas"
DA REPORTAGEM LOCAL
A Cisco não quis comentar o
uso de empresas laranjas para
fazer as supostas doações ao
PT. Em nota enviada a partir de
sua sede em San Jose, na Califórnia (EUA), informa que os
dois funcionários citados na reportagem da Folha (Carlos
Carnevali Júnior e Sandra Tumelero) serão afastados.
O texto diz que o afastamento é resultado de uma investigação interna que está em curso na filial brasileira após as
acusações da Polícia Federal de
fraude nas importações.
Segundo a nota, "a Cisco decidiu colocar os funcionários
Carlos Carnevali Júnior e Sandra Tumelero em licença administrativa remunerada. Esses
funcionários serão mantidos
nessa situação até que seja concluída a investigação interna
conduzida pela empresa".
A Cisco não permitiu entrevistas com Carnevali Júnior.
A CEF (Caixa Econômica Federal) informa que sua Vice-presidência de Logística, responsável pelos processos de licitação, afirmou que não houve
alteração no edital do pregão
eletrônico 157/2006.
O advogado Celso Vilardi,
que defende os empresários
Cid Guardia Filho (Kiko) e Ernani Bertino, confirmou que a
ABC Industrial doou R$ 250
mil para o PT. "As doações foram oficiais e contabilizadas.
Se foram contabilizadas, as empresas têm capacidade [financeira] para fazer as doações."
Segundo ele, é "maldade" da
polícia chamar a ABC de empresa registrada em nome laranjas: "O Kiko e o Ernani geriam de fato a ABC. Eles tinham um contrato assinado
para fazer a gestão".
A reportagem não conseguiu
falar com os diretores da ABC
Industrial na sede da empresa,
em Lauro de Freitas (BA). Um
funcionário que conversou
com a reportagem na última
quarta-feira, que declarou se
chamar Azevedo, contou que
os diretores ficavam em São
Paulo e que ligariam para o jornal, o que não ocorreu até a
conclusão desta edição.
O advogado de Marcelo Ikeda, com quem foram apreendidos os recibos, Antonio Ruiz
Filho, disse que não teve acesso
aos documentos e que, por isso,
não poderia falar sobre as doações ao PT. "Desconheço, não
posso dizer se são verdadeiros
ou não, desconheço os fatos."
Ruiz Filho, que defende outros três acusados da fraude,
também disse ignorar se Ikeda
mantinha algum tipo de contato com a ABC Industrial e a Nacional Distribuidora.
A Damovo enviou a mesma
nota que emitiu quando a
Folha revelou o caso das doações ao PT, em 27 de outubro
último. No texto, a empresa
alega desconhecer "totalmente
hipotéticos episódios (...), relativos a ganho indevido de licitação promovida pela Caixa Econômica Federal".
De acordo com a nota, a Damovo "rechaça veementemente qualquer alusão que [a] envolva em suposto esquema ilegal para fechamento de contrato". A empresa afirma que participou do pregão 157/2006,
venceu um lote e perdeu três.
A reportagem deixou recados na casa de Marcos Zenatti e
em uma empresa na qual ele
trabalharia, a Tecnosul, mas
ele não telefonou de volta.
A reportagem tentou entrevistar Gerson Orestes Soares
Oliveira em um telefone em
Campinas, onde ele seria dono
de bar. Seu nome aparece no
inquérito da PF como o dono
de 95% das ações da Nacional.
Oliveira respondeu aos questionamentos do repórter com
palavrões.
(MCC E JEC)
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