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Crítica à PF é "reação do crime organizado", afirma delegado
Carlos Eduardo Pellegrini diz que instituição é alvo de criminosos infiltrados no Estado
Presidente do sindicato dos delegados da PF paulista, Amaury Portugal diz que o crime organizado conseguiu desestabilizar os trabalhos
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O delegado da Polícia Federal Carlos Eduardo Pellegrini
Magro, 32, que participou da
Operação Satiagraha, considerou ontem as críticas à investigação "uma reação do crime organizado". O delegado atuou
por um mês na fase final da Satiagraha, que levou à prisão o
banqueiro Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito paulistano Celso Pitta.
"Estamos sofrendo uma reação do crime organizado. A PF
começou a se estruturar, a se
capacitar. E aí começa a ser atacada. [A PF] verifica a infiltração do crime organizado em determinados Poderes. Por causa
disso, estamos sofrendo uma
reação. Mas nós estamos unidos", disse Pellegrini.
Cerca de 40 delegados federais abriram ontem o congresso
nacional da categoria em São
Paulo. Convidados para a abertura, o ministro Tarso Genro
(Justiça) e o diretor-geral da
PF, Luiz Fernando Corrêa, não
compareceram. As ausências
irritaram o presidente do sindicato dos delegados da PF paulista, Amaury Portugal.
Ele concorda com Pellegrini.
"A crise foi fomentada pelo crime organizado, que tem conseguido desestabilizar os trabalhos. Eles conseguem, esses
processos estão todos a passos
de tartaruga", disse Portugal.
"O crime organizado se infiltrou em todos os lugares. A PF é
um dos alvos disso. Nós, que conhecemos a instituição, sabemos que o que está colocado na
imprensa não procede", disse
Portugal sobre as suspeitas de
que houve grampo ilegal sobre
o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.
O delegado Joaquim Mesquita, responsável pela área de logística da direção geral da PF,
representou Corrêa. Ele disse
que "todas as operações" da PF
recebem apoio financeiro: "Dinheiro não é problema na PF".
Um procedimento do Ministério Público Federal de São Paulo apura se houve obstrução à
Satiagraha, conforme narrou o
delegado Protógenes Queiroz.
Segundo Mesquita, as críticas à Satiagraha eram "esperadas" pela cúpula da PF e "a instituição sairá fortalecida e melhor do que era no passado".
O delegado Pellegrini participou de um debate com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que, segundo a revista
"Veja", teve grampeada uma
conversa com Gilmar Mendes.
A reportagem levou à queda do
diretor da Abin, Paulo Lacerda.
Virando-se para o senador,
Pellegrini afirmou: "A segurança pública hoje é órfã de pai e
mãe. Vivemos numa época de
crise, acadêmica, onde se ensinam aos estudantes de direito
que mentir é direito. Causa até
arrepio. Do direito ao silêncio
caminhou para a mentira. Crise
de papéis, crise de identidade,
procurador querendo investigar, tribunais querendo legislar, inversão de papéis. Crise de
pessoas que fazem sua vida verdadeiro exercício de combate
ao crime organizado". Pellegrini é lotado na delegacia de combate a crimes fazendários de
São Paulo. "E o direito do cidadão à segurança?", indagou.
Pellegrini foi um dos participantes da reunião ocorrida em
14 de julho na sede da PF paulistana que selou o afastamento
de Protógenes da Satiagraha. À
imprensa, ele negou que a operação tenha enfrentado falta de
apoio: "Não é verdade que não
tivemos apoio. Agora, briga por
vaidades, pode ser. Eu e a doutora Karina [Souza, delegada
que também atua no caso]
trouxemos os presos num avião
que custou R$ 40 mil a hora.
Como poderíamos trazer as
pessoas sem esse apoio?", declarou o delegado.
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