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STF fará sessão secreta para decidir caso de ministro do STJ
Caso de Paulo Medina será analisado a portas fechadas
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O STF (Supremo Tribunal
Federal) decidiu ontem transformar em secreta a sessão em
que vai decidir se receberá ou
não denúncia do Ministério
Público contra o ministro do
STJ (Superior Tribunal de Justiça) Paulo Medina, acusado de
atuar em esquema de venda de
sentenças a bicheiros e donos
de bingos.
O julgamento, marcado para
amanhã, será fechado por decisão do relator da ação, ministro
Cezar Peluso, que ocupa momentaneamente a presidência
do Supremo, já que Gilmar
Mendes participa de evento na
Alemanha.
A Secretaria de Comunicação disse que Peluso deverá
apresentar aos colegas provas
que estão sob sigilo judicial e,
por isso, determinou que a sessão ocorra a portas fechadas.
A Constituição diz que "todos os julgamentos dos órgãos
do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas
as decisões", mas abre exceção
ao afirmar que a edição de uma
lei poderá "limitar a presença,
em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados". A lei 8.038/1990 diz que,
em julgamentos que tratem de
recebimento de denúncia, o
presidente da Corte poderá determinar "as pessoas que poderão permanecer no recinto".
"A regra é o julgamento aberto, mas o ministro deve ter os
seus motivos para determinar a
sessão secreta", disse à Folha o
ministro Marco Aurélio Mello.
Raridade
Os casos de sessão secreta
são raros no STF. O único caso
identificado pela assessoria do
Supremo foi o de um julgamento sob segredo de Justiça ocorrido em 11 de junho de 2003,
cujo tema não foi divulgado.
A denúncia do Ministério
Público também envolve os juízes José Eduardo Carreira Alvim -do TRF (Tribunal Regional Federal) da 2ª Região- e
Ernesto Dória -do Tribunal
Regional do Trabalho de Campinas-, além do advogado Virgílio Medina, irmão de Paulo
Medina, e do procurador da República João Sérgio Leal Pereira. Se os ministros aceitarem a
denúncia, será aberta ação penal contra os envolvidos.
A Polícia Federal aponta, na
Operação Hurricane, que Medina seria o centro de um esquema de venda de sentenças, o
que ele nega. Segundo a PF, o
ministro pode ter negociado
por R$ 1 milhão, por meio de
seu irmão Virgílio, uma liminar
concedida em 2006 e depois
cassada pela presidente do
STF, Ellen Gracie.
Com essa liminar, foram liberadas 900 máquinas caça-níqueis que tinham sido apreendidas em Niterói.
O salário de Paulo Medina é
de R$ 23,2 mil mensais. A eventual condenação pode levar à
perda do cargo.
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