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Desorganização marca pré-estreia de "Lula"
Ministro Paulo Bernardo rebateu críticas ao uso político do filme e desafiou a oposição a tentar fazer o mesmo com seus líderes
Apesar da ausência de Lula, estreia atraiu tanta gente que elenco quase ficou de fora; Luiz Carlos Barreto reclamou e acabou vaiado
ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Não foi necessária a presença
da oposição para que a pré-estreia do longa-metragem "Lula,
o Filho do Brasil", ontem, tivesse sua porção saia justa.
Atrasos, vaias ao produtor
Luiz Carlos Barreto e um protesto em favor de Cesare Battisti marcaram a primeira exibição do filme "Lula, o Filho do
Brasil", ontem à noite na abertura da 42ª edição do Festival
de Cinema de Brasília, no Teatro Nacional.
O filme atraiu muito mais
gente do que o espaço projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer comporta. Era tamanha a
concorrência à porta do cinema
que produtores e elenco quase
ficaram do lado de fora.
O presidente do festival, Fernando Adolfo, teve de sair da
sala para resgatar o produtor
Luiz Carlos Barreto, que suava
de calor e irritação.
Ao subir ao palco para apresentar o filme, Barreto sugeriu
que os espectadores sentados
nos corredores e escadas se retirassem sala. "Não há bombeiros aqui. Se estourar uma lâmpada, as pessoas estarão todas
correndo risco de vida", disse.
Ninguém se retirou. O diretor
Fábio Barreto tentou, ainda assim, fazer um outro apelo:
"Nós, equipe e atores, estamos
sem lugar para sentar". De novo, ninguém se levantou.
Sem a presença de Lula, a
noite foi de os convidados tietarem a primeira-dama, Marisa
Letícia, que posou com atores
para fotos e não quis dar entrevistas, mas acabou conversando com a turma do "CQC".
Ministros, deputados, senadores e assessores da Presidência estavam entre o público,
muitos deles acomodados no
chão do teatro. Na plateia estavam o ministro do STF José
Antonio Dias Toffolli, os ministros Paulo Bernardo (Planejamento), Orlando Silva (Esportes), José Pimentel (Previdência Social), Fernando Haddad
(Educação), Márcio Fortes (Cidades) e Luiz Barretto (Turismo) e os principais assessores
de Lula, como Clara Ant, Gilberto Carvalho e Swardemberg
Barbosa.
Paulo Bernardo rebateu as
críticas da oposição que acusam o uso político da imagem
do presidente com a divulgação
da obra às vésperas de ano eleitoral. O ministro desafiou a
oposição a lançar um filme contando a vida de algum líder
oposicionista. "Não tem nada
ilegal ou irregular nisso. Eles
também que façam um filme.
Se procurar, acham alguma história interessante", afirmou.
O filme
A exibição confirmou relatos
de que o filme tem forte apelo
emocional. A música intensa e
as lágrimas que correm pela tela desde as primeiras cenas não
deixam dúvidas a respeito do
tom da história.
Os cactos e a miséria em Caetés -onde Lula nasceu-, o
pau-de-arara , o pai alcoólatra e
violento ("Filho meu não estuda, filho meu não brinca") e o
ofício de torneiro mecânico
aprendido ainda na adolescência são retratados de forma a
dar sentido ao líder que será
moldado nas greves do ABC,
durante a ditadura.
Ao final da exibição, o público aplaudiu. A primeira-dama
saiu assim que acabou o filme.
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