São Paulo, quarta-feira, 18 de novembro de 2009

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Desorganização marca pré-estreia de "Lula"

Ministro Paulo Bernardo rebateu críticas ao uso político do filme e desafiou a oposição a tentar fazer o mesmo com seus líderes

Apesar da ausência de Lula, estreia atraiu tanta gente que elenco quase ficou de fora; Luiz Carlos Barreto reclamou e acabou vaiado

ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Não foi necessária a presença da oposição para que a pré-estreia do longa-metragem "Lula, o Filho do Brasil", ontem, tivesse sua porção saia justa.
Atrasos, vaias ao produtor Luiz Carlos Barreto e um protesto em favor de Cesare Battisti marcaram a primeira exibição do filme "Lula, o Filho do Brasil", ontem à noite na abertura da 42ª edição do Festival de Cinema de Brasília, no Teatro Nacional.
O filme atraiu muito mais gente do que o espaço projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer comporta. Era tamanha a concorrência à porta do cinema que produtores e elenco quase ficaram do lado de fora.
O presidente do festival, Fernando Adolfo, teve de sair da sala para resgatar o produtor Luiz Carlos Barreto, que suava de calor e irritação.
Ao subir ao palco para apresentar o filme, Barreto sugeriu que os espectadores sentados nos corredores e escadas se retirassem sala. "Não há bombeiros aqui. Se estourar uma lâmpada, as pessoas estarão todas correndo risco de vida", disse. Ninguém se retirou. O diretor Fábio Barreto tentou, ainda assim, fazer um outro apelo: "Nós, equipe e atores, estamos sem lugar para sentar". De novo, ninguém se levantou.
Sem a presença de Lula, a noite foi de os convidados tietarem a primeira-dama, Marisa Letícia, que posou com atores para fotos e não quis dar entrevistas, mas acabou conversando com a turma do "CQC".
Ministros, deputados, senadores e assessores da Presidência estavam entre o público, muitos deles acomodados no chão do teatro. Na plateia estavam o ministro do STF José Antonio Dias Toffolli, os ministros Paulo Bernardo (Planejamento), Orlando Silva (Esportes), José Pimentel (Previdência Social), Fernando Haddad (Educação), Márcio Fortes (Cidades) e Luiz Barretto (Turismo) e os principais assessores de Lula, como Clara Ant, Gilberto Carvalho e Swardemberg Barbosa.
Paulo Bernardo rebateu as críticas da oposição que acusam o uso político da imagem do presidente com a divulgação da obra às vésperas de ano eleitoral. O ministro desafiou a oposição a lançar um filme contando a vida de algum líder oposicionista. "Não tem nada ilegal ou irregular nisso. Eles também que façam um filme. Se procurar, acham alguma história interessante", afirmou.

O filme
A exibição confirmou relatos de que o filme tem forte apelo emocional. A música intensa e as lágrimas que correm pela tela desde as primeiras cenas não deixam dúvidas a respeito do tom da história.
Os cactos e a miséria em Caetés -onde Lula nasceu-, o pau-de-arara , o pai alcoólatra e violento ("Filho meu não estuda, filho meu não brinca") e o ofício de torneiro mecânico aprendido ainda na adolescência são retratados de forma a dar sentido ao líder que será moldado nas greves do ABC, durante a ditadura.
Ao final da exibição, o público aplaudiu. A primeira-dama saiu assim que acabou o filme.


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