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INVESTIGAÇÃO
Ministro dará explicações sobre suas conversas grampeadas
Mendonça de Barros deve depor amanhã no Congresso
RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília
O ministro das
Comunicações,
Luiz Carlos
Mendonça de
Barros, deverá
dar amanhã explicações ao
Congresso sobre suas conversas telefônicas
grampeadas. O depoimento está
marcado para as 10h, no plenário
do Senado. Trechos das conversas
grampeadas sugerem influência
no processo de privatização de
empresas do Sistema Telebrás.
Estimulada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, a ida do
ministro ao Congresso foi solicitada pelo próprio Mendonça de Barros ao presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
"Em face das recentes notícias
veiculadas pela imprensa sobre o
processo de privatização do Sistema Telebrás, e tendo em vista a
gravidade de que se reveste a matéria, venho solicitar a vossa excelência ser convocado por essa Casa
Legislativa, para prestar os esclarecimentos que se fizerem necessários", disse Mendonça de Barros
em ofício enviado a ACM.
Segundo líderes governistas, o
pedido do ministro foi feito com
base no parágrafo 1º do artigo 50
da Constituição. Segundo esse dispositivo, ministros de Estado podem tomar a iniciativa de comparecer a qualquer uma das Casas do
Congresso "para expor assunto de
relevância de seu ministério".
ACM voltou ontem a rejeitar a
criação de uma CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) para investigar o grampo ou o processo de
privatização do governo, mas disse
que "o Congresso pode tomar outras providências, se o ministro
não for convincente".
O presidente do Senado negou
que as acusações contra Mendonça de Barros prejudiquem a indicação dele para ocupar o futuro Ministério da Produção, que Fernando Henrique pretende criar no
próximo mandato.
"Em princípio, não vejo nada
que comprometa a indicação do
ministro para qualquer cargo. Mas
o juiz disso é o presidente Fernando Henrique", afirmou ACM. Segundo o senador, a nomeação de
Mendonça de Barros para o futuro
ministério será comprometida "se
surgir outra coisa, que seja grave".
ACM afirmou que não vê necessidade de uma CPI, por acreditar
que o Ministério Público vai apurar o caso. Mas disse que aceitará a
instalação da CPI, se os parlamentares decidirem por esse caminho.
Os líderes dos partidos governistas no Senado esperam que o ministro convença a própria base
aliada de que estava desempenhando o seu papel ao estimular o
maior número de concorrentes
aos leilões de privatização.
"O presidente Fernando Henrique mostrou empenho na vinda
dele (do ministro das Comunicações) ao Congresso para acabar
com a boataria. O ministro está se
colocando à disposição para dar a
versão do governo. Estamos preocupados em esclarecer os fatos de
forma cabal", disse o líder do governo no Senado, Elcio Alvares
(PFL-ES).
ACM disse que o momento não é
de crise, apesar das denúncias de
grampo telefônico e de chantagem
contra o governo com base em um
"dossiê Caribe", papéis sem autenticidade. "A papelada de que falavam já está totalmente desmoralizada, e ninguém mais fala nisso.
Como também devem deixar de
falar no grampo", afirmou.
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