São Paulo, quarta, 18 de novembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONGRESSO
Só 13 dos 27 senadores necessários apóiam comissão
Oposição não junta assinaturas para CPI

da Sucursal de Brasília


A oposição conseguiu ontem, no Senado, apenas 13 das 27 assinaturas necessárias para pedir a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar supostas irregularidades em privatizações.
Na Câmara, até as 19h, o PT havia colhido 62 das 171 assinaturas necessárias. O partido não havia recebido, até esse horário, os números de outros líderes, que também estavam coletando assinaturas.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), responsável pela coleta de assinaturas, conseguiu apenas três adesões em partidos da base governista: as dos peemedebistas Pedro Simon (RS), Roberto Requião (PR) e José Saad (GO).
Outras duas adesões eram esperadas no Senado ontem. Ernandes Amorim (PPB-RO) declarou apoio à CPI em discurso no plenário, e Carlos Wilson (PSDB-PE) disse ao líder do PT na Câmara, Marcelo Déda (SE), que assinaria o pedido.
As chances de que o número mínimo de assinaturas seja atingido são remotas. Segundo os próprios oposicionistas, o pedido do ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações) para prestar esclarecimentos no Senado é uma forma de tirar força da CPI.
"É uma cortina de fumaça. Com a vinda do ministro, o governo quer abafar a CPI", disse Déda.
² Grampo
Conversas grampeadas do ministro, do presidente do BNDES, André Lara Resende, e de Pérsio Arida, sócio do banco Opportunity, levantaram suspeitas de favorecimento do governo a um dos consórcios no leilão da Telebrás.
Ao anunciar a intenção de abrir a CPI, os líderes da oposição procuraram desvincular as gravações clandestinas das investigações.
"Não vamos fazer o trabalho policial de averiguar quem grampeou. O que nos interessa é a ação do governo nas privatizações", disse Suplicy.
O requerimento da CPI se baseia em quatro pontos: 1) a concessão de empréstimos do BNDES a grupos privados a taxas de juros abaixo das de mercado; 2) a atuação do governo em relação aos fundos de pensão das estatais, com o objetivo de torná-los sócios de grupos privados; 3) o processo de concentração de riqueza e poder dos compradores das estatais; e 4) a forma como autoridades do governo interferiram nas privatizações.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.