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AJUSTE
Governo quer prorrogar validade por 36 meses para garantir arrecadação caso emenda demore a ser aprovada
Cobrança da CPMF pode durar até 2002
RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília
A emenda
constitucional
que vai prorrogar a CPMF
(Contribuição
Provisória sobre
Movimentação
Financeira) permitirá que a cobrança do tributo se
estenda por alguns meses de 2002.
É que, temendo demora na aprovação da emenda, os líderes governistas do Senado decidiram propor a prorrogação da contribuição
por mais 36 meses, aumentando o
prazo originalmente proposto,
que era até 2001.
A emenda, que deverá começar a
tramitar hoje no Senado, aumenta
a alíquota da CPMF de 0,20% para
0,38% nos primeiros 12 meses e
para 0,30% nos 24 meses restantes.
Como já acontece hoje, a arrecadação obtida com a alíquota de
0,20% será destinada ao Ministério
da Saúde. A emenda destina o restante à Previdência Social, por se
tratar de uma área em que o déficit
é "mais acentuado", de acordo
com o texto da emenda (que ainda
não foi concluído).
A Previdência Social ficará com
todo o aumento da receita obtido
com a elevação de 0,18 ponto percentual nos primeiros 12 meses e
de 0,10 ponto percentual nos 24
meses restantes.
Segundo os líderes governistas,
destinar recursos da CPMF à Previdência deve atenuar a resistência
ao aumento da alíquota.
Essa vinculação foi acertada com
a equipe econômica, de acordo
com o líder do governo no Senado,
Elcio Alvares (PFL-ES).
Os líderes não fixaram a data-limite da prorrogação para permitir
que a cobrança se estenda até 2002,
pois prevêem que será difícil que o
Congresso aprove a emenda até 23
de janeiro, quando termina a cobrança da atual alíquota.
Se a proposta for aprovada e promulgada até essa data, os líderes
governistas entendem que não será necessário cumprir o prazo de
carência de três meses para iniciar
a cobrança (previsto pela Constituição), porque ficaria configurada a simples prorrogação -e não
a criação de uma contribuição.
Eles acham que a tramitação poderá se estender, obrigando o governo a cumprir esse intervalo de
três meses para iniciar a cobrança
da nova alíquota. Por isso, buscaram uma medida compensatória
para evitar o buraco no Orçamento da União de 99, que já prevê os
recursos obtidos com a CPMF.
²
Antecipação
Essa medida compensatória foi
explicada pelos líderes do PSDB no
Senado, Sérgio Machado (CE), e
do governo no Congresso, José Roberto Arruda (DF). Segundo eles,
nos três meses em que a contribuição não estiver sendo cobrada, o
governo deverá fazer antecipação
da receita equivalente à que seria
obtida com a cobrança da CPMF.
Para isso, poderá recorrer a um
empréstimo ou à emissão de títulos federais, por exemplo. Essas
operações seriam cobertas no final
dos 36 meses, com o produto da
arrecadação da CPMF.
Para isso, incluíram um parágrafo na emenda dizendo que o resultado da arrecadação verificada no
exercício financeiro de 2002 será
"integralmente destinado ao resgate da dívida pública federal". Esse texto ainda poderá ser alterado.
²
Respeito ao trâmite
O presidente do Senado, Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), afirmou que não vai admitir a redução
dos prazos de tramitação.
"Nós queremos aprovar e tentaremos aprovar dentro do prazo.
Mas sempre cumprindo a Constituição e o regimento da Casa. Nada
vai nos fazer descumprir as normas. Nem mesmo a pressa pela
CPMF", afirmou ontem ACM.
O relator da emenda, que deverá
ser o líder do PSDB, Sérgio Machado (CE), não foi anunciado formalmente. Isso deverá ocorrer hoje, quando a emenda for apresentada à Mesa do Senado para ser encaminhada à CCJ (Comissão e
Constituição e Justiça).
Pelo cronograma ideal para o governo, o Senado aprovaria a emenda até 15 de dezembro, e a proposta
seria remetida à Câmara. Em cada
Casa, é preciso haver duas votações, com aprovação de três quintos dos parlamentares.
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