São Paulo, quarta, 18 de novembro de 1998

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POLÍCIA
Medida ocorre enquanto oficiais viajam pela Europa
PM raciona comida em Pernambuco

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

Enquanto oficiais da Polícia Militar de Pernambuco viajam por quatro países da Europa com as despesas pagas pelo Estado, policiais em Recife tiveram suas escalas de trabalho alteradas para reduzir o número de refeições de cada um nos quartéis.
Sem dinheiro para adquirir alimentos e com os salários de outubro atrasados, a PM adequou as escalas de forma a evitar ao máximo os horários em que são servidos o café da manhã, o almoço e o jantar.
Segundo a Associação dos Cabos e Soldados, guardas em serviço nos quartéis, que antes entravam às 8h e saíam 24 horas depois, entram agora às 13h. Com isso, eles são obrigados a tomar o café da manhã e almoçar em casa.
A escala dos policiais que circulam nas ruas também foi alterada. O turno de trabalho passou de 12 horas para seis horas, com os horários de entrada dos grupos fixados após as refeições, segundo a associação. "A crise chegou ao extremo", disse o diretor da entidade e soldado da corporação Moisés Florêncio de Oliveira Filho. "A condição dos policiais, que já era precária, ficou ainda pior."
Além de racionar alimentos, disse Oliveira Filho, a PM está sendo obrigada a devolver peças para manutenção da sua frota de carros por falta de pagamento. Para o diretor da associação, a viagem dos oficiais à Europa deveria ter sido adiada em função da crise que atinge o Estado. "É claro que existe a necessidade de aperfeiçoamento, mas o momento não é o mais adequado para viajar."
Para a PM, o corte nas refeições é reflexo de uma crise provocada pelo atraso no repasse de verbas pelo governo federal. "A situação obriga a corporação a se ajustar", disse o assessor de imprensa da PM, tenente-coronel Antonio Neto.
Segundo ele, a previsão é de que os salários de outubro sejam depositados amanhã. Sobre a viagem à Europa, disse que ela faz parte do currículo de cursos da PM e que "já estava programada e paga desde o início do ano, antes da crise".
Os policiais estão desde anteontem em Paris, onde só terão dois compromissos ligados ao aperfeiçoamento profissional em cinco dias de estadia. O grupo deixou o Brasil quarta-feira passada, com previsão de retorno em 20 dias.



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