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CONGRESSO
Relatório não destina recursos para cobrir correção da tabela do IR; líder do PT contesta acusação de governistas
Oposição recua e deve aprovar Orçamento
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os partidos de oposição estão
recuando da decisão de impedir a
votação do Orçamento da União
de 2002 nesta semana, depois da
ameaça governista de responsabilizá-los pela paralisação de programas sociais, como o Bolsa-Escola e o Bolsa-Alimentação, por
falta de dinheiro.
Ontem à tarde começou a ser
distribuído o relatório final do
Orçamento. A proposta do deputado Sampaio Dória (PSDB-SP)
aumenta em R$ 13,8 bilhões a receita primária do governo federal,
que passa de R$ 308,3 bilhões para R$ 322,1 bilhões. As despesas
vão de R$ 278 bilhões da proposta
original para R$ 291,4 bilhões.
Os investimentos passam de R$
11 bilhões para R$ 16,4 bilhões. O
relator reservou R$ 1,54 bilhão
nos orçamentos dos ministérios
do Trabalho e da Previdência para
cobrir o aumento do salário mínimo para R$ 200 a partir de abril de
2002. O dinheiro foi retirado de
emendas apresentadas pelos deputados e senadores.
Sampaio Dória, no entanto, não
destinou recursos para cobrir a
correção da tabela do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física),
aprovada ontem no Senado. O
impacto da correção estimado pelos governistas é de R$ 2,6 bilhões
no próximo ano, sendo que R$
1,378 bilhão recai sobre as contas
do governo federal.
Contribuição
O relator também não levantou
fonte para cobrir R$ 1,4 bilhão da
cobrança de contribuição previdenciária dos servidores inativos.
A proposta de emenda constitucional ainda não foi aprovada pela Câmara dos Deputados. Dória
manteve os recursos como estavam no projeto original do governo: como receita condicionada.
A intenção do relator é negociar
com os líderes governistas e de
oposição a limitação de cortes pelo governo federal para cobrir o
buraco da contribuição dos inativos. A idéia é evitar que os cortes
incidam sobre as emendas dos
congressistas.
Também estão como receita
condicionada os R$ 10,9 bilhões
da cobrança da CPMF (imposto
do cheque) a partir de junho de
2002. A prorrogação da CPMF
ainda depende de aprovação na
Câmara e no Senado. O relator ignorou a isenção da CPMF para os
investimentos na Bolsa de Valores, o que deve gerar uma perda
de R$ 300 milhões no segundo semestre do próximo ano.
A intenção dos parlamentares
governistas é começar a discutir
hoje o relatório na Comissão Mista de Orçamento. Isso depende de
acordo com a oposição para reduzir os prazos regimentais de tramitação do projeto orçamentário.
Entre a distribuição do relatório
-ocorrida ontem- e o início da
discussão é necessário um intervalo de três dias.
Negociação
"Não vamos criar obstáculos
para votar neste ano, mas tudo vai
depender da negociação com a
base", disse o líder do PT na Câmara, Walter Pinheiro (BA).
O petista está irritado com declarações do líder do governo na
Comissão de Orçamento, deputado Ricardo Barros (PPB-PR), que
responsabilizou a oposição por
eventual atraso na votação do Orçamento e consequente paralisação de programas sociais.
"Isso é uma palhaçada", disse
Walter Pinheiro. O líder afirmou
que a oposição espera receber hoje do governo o texto da proposta
de renegociação das dívidas de
pequenos e médios agricultores.
A renegociação beneficiará os
produtores rurais com dívidas de
até R$ 200 mil.
Outro ponto de negociação é o
valor do salário mínimo. A oposição defende R$ 220. Em conversas
reservadas, líderes dos partidos
de oposição admitem que poderão concordar com os R$ 200 propostos pelos governistas.
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