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TRANSIÇÃO
Lula quer participação das duas alas do PMDB no governo; mais nomes para ministérios sairão na quinta-feira
Viegas irá para Defesa; Lessa, para BNDES
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente eleito, Luiz Inácio
Lula da Silva, contornou as resistências militares e políticas ao embaixador do Brasil na Rússia, José
Viegas, e vai nomeá-lo ministro
da Defesa. O economista Carlos
Lessa, que anunciou a desfiliação
do PMDB, presidirá o BNDES.
Lula pretende anunciar amanhã
em Brasília, às 15h, o máximo
possível de nomes, senão todo
ministério. Ele tem ainda pelos
menos cinco outros ministros definidos, cujos nomes podem ser
anunciados entre hoje e amanhã.
Esses cinco ministros são: Luiz
Gushiken (PT-SP) (Comunicação
de Governo), Cristovam Buarque
(PT-DF) (Ministério da Educação), Marcio Thomaz Bastos (sem
partido) (Ministéio da Justiça),
Luiz Dulci (PT-MG) (Secretaria
Geral) e Jaques Wagner (PT-BA)
(Ministério do Trabalho).
Até amanhã, Lula administrará
as negociações com o PMDB. O
presidente eleito quer ter o partido no governo, contemplando as
duas alas (a que votou nele e a que
optou pelo tucano José Serra na
eleição presidencial). Sua intenção é dar um ministério a cada
grupo do partido.
Estavam previstas conversas
para ontem e hoje entre petistas e
peemedebistas, especialmente os
da ala "serrista", também conhecida como ala governista devido
ao apoio hipotecado durante o
governo de Fernando Henrique
Cardoso.
A escolha de Carlos Lessa para o
BNDES é um exemplo de como
anda complicada a conversa PT-PMDB. O economista nunca foi
convidado para o Planejamento.
Houve, sim, uma tentativa petista
de ver se a ala serrista aceitava
Lessa na cota partidária junto
com o senador Pedro Simon
(PMDB-RS). Mas o PMDB governista recusou o prato feito, e Lula
decidiu aproveitar Carlos Lessa
na presidência do BNDES.
Mesmo que naufrague a articulação com os "serristas" do
PMDB, Lula dará um ministério
de qualquer maneira à ala que o
apoiou na eleição. E aí vai começar uma guerra no PMDB, que
tenderia a perder deputados para
legendas aliadas do PT. O grupo
serrista está ciente disso e deseja
fechar aliança com Lula, cenário
visto como o único que poderia
trazer alguma unidade a um
PMDB sempre dividido.
Essa guerra, porém, não teria
efeitos negativos apenas para o
PMDB. Sem a ala "serrista" do
PMDB, poderia se complicar a
eleição do líder do PT na Câmara,
João Paulo Cunha (SP), para a
presidência da Casa. Cunha é tido
no próprio PT como político que
precisa de um empurrão da cúpula para chegar ao cargo. Faltaria a
ele maior articulação política na
própria Câmara.
Lula tenta contornar ainda dificuldades para que o deputado federal Waldir Pires (PT-BA), convidado para a Corregedoria Geral
da União, venha a ocupar o cargo.
Há um forte lobby de procuradores ligados ao PT de olho na posição, e o próprio Pires, que tendia a
aceitar o cargo, estaria reavaliando sua disposição. Lula e Pires terão ainda uma última conversa
para decidir a indicação.
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