São Paulo, quarta-feira, 18 de dezembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Lula quer participação das duas alas do PMDB no governo; mais nomes para ministérios sairão na quinta-feira

Viegas irá para Defesa; Lessa, para BNDES

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, contornou as resistências militares e políticas ao embaixador do Brasil na Rússia, José Viegas, e vai nomeá-lo ministro da Defesa. O economista Carlos Lessa, que anunciou a desfiliação do PMDB, presidirá o BNDES.
Lula pretende anunciar amanhã em Brasília, às 15h, o máximo possível de nomes, senão todo ministério. Ele tem ainda pelos menos cinco outros ministros definidos, cujos nomes podem ser anunciados entre hoje e amanhã.
Esses cinco ministros são: Luiz Gushiken (PT-SP) (Comunicação de Governo), Cristovam Buarque (PT-DF) (Ministério da Educação), Marcio Thomaz Bastos (sem partido) (Ministéio da Justiça), Luiz Dulci (PT-MG) (Secretaria Geral) e Jaques Wagner (PT-BA) (Ministério do Trabalho).
Até amanhã, Lula administrará as negociações com o PMDB. O presidente eleito quer ter o partido no governo, contemplando as duas alas (a que votou nele e a que optou pelo tucano José Serra na eleição presidencial). Sua intenção é dar um ministério a cada grupo do partido.
Estavam previstas conversas para ontem e hoje entre petistas e peemedebistas, especialmente os da ala "serrista", também conhecida como ala governista devido ao apoio hipotecado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
A escolha de Carlos Lessa para o BNDES é um exemplo de como anda complicada a conversa PT-PMDB. O economista nunca foi convidado para o Planejamento. Houve, sim, uma tentativa petista de ver se a ala serrista aceitava Lessa na cota partidária junto com o senador Pedro Simon (PMDB-RS). Mas o PMDB governista recusou o prato feito, e Lula decidiu aproveitar Carlos Lessa na presidência do BNDES.
Mesmo que naufrague a articulação com os "serristas" do PMDB, Lula dará um ministério de qualquer maneira à ala que o apoiou na eleição. E aí vai começar uma guerra no PMDB, que tenderia a perder deputados para legendas aliadas do PT. O grupo serrista está ciente disso e deseja fechar aliança com Lula, cenário visto como o único que poderia trazer alguma unidade a um PMDB sempre dividido.
Essa guerra, porém, não teria efeitos negativos apenas para o PMDB. Sem a ala "serrista" do PMDB, poderia se complicar a eleição do líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP), para a presidência da Casa. Cunha é tido no próprio PT como político que precisa de um empurrão da cúpula para chegar ao cargo. Faltaria a ele maior articulação política na própria Câmara.
Lula tenta contornar ainda dificuldades para que o deputado federal Waldir Pires (PT-BA), convidado para a Corregedoria Geral da União, venha a ocupar o cargo. Há um forte lobby de procuradores ligados ao PT de olho na posição, e o próprio Pires, que tendia a aceitar o cargo, estaria reavaliando sua disposição. Lula e Pires terão ainda uma última conversa para decidir a indicação.


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