São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 2005

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OUTRO LADO

Suspeitos citados pela CVM negam irregularidades

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Todos os citados que foram ouvidos pela CVM negaram irregularidades nas operações. Suas defesas constam do relatório produzido pela Comissão. Jorge Ribeiro dos Santos, da São Paulo Corretora, disse que os preços das opções para compra de dólar fora do valor do mercado são "uma variação considerada dentro da normalidade".
José Carlos Batista apresentou como álibi um deputado federal que já morreu, Moisés Lipnik, de quem seria "assessor financeiro". "O sr. Moisés Lipnik possuía um programa de computador que calculava todos os parâmetros das operações [para escolha dos preços do dólar]". Apesar de Lipnik não estar vivo à época de seu depoimento à CVM, Batista disse que continuava trabalhando para ele.
Cezar Sassoun, sócio da Laeta DTVM, declarou que as operações investigadas tiveram o objetivo de "especular com a queda da moeda americana". À Folha Sassoun também negou participação em operações fraudulentas no mercado de dólar. Segundo ele, não houve condenação relativa a esse processo pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e sua defesa será apresentada em janeiro. Reclamou ainda do vazamento de informações. "As coisas aparecem pela metade e isso nos prejudica muito", disse.
Antonio Cláudio Lage Buffara, da Ipanema Corretora, disse que as decisões sobre mercado de dólar flexível "eram tomadas mediante consenso entre os sócios". Sobre as opções que comprou estarem fora do preço do mercado, declarou: "A variação entre os preços de exercício e o preço do dólar "spot" fazia parte do risco que a Ipanema decidiu assumir".
Francisco Augusto Tertuliano (diretor da Fair Corretora) e Renato Luciano Galli (operador da Fair) negaram irregularidades. Tertuliano disse que "os clientes sabiam perfeitamente o tipo de operação que realizavam".
A Cruzeiro do Sul Corretora de Mercadorias Ltda. pediu à CVM sua exclusão e a de seus representantes do processo, por considerar que os técnicos não apresentaram prova material de envolvimento da empresa com o esquema de manipulação de mercado. A informação é do presidente do Banco Cruzeiro do Sul, Luiz Felippe Indio da Costa, também responsável pela corretora.
Segundo Indio da Costa, a Cruzeiro do Sul foi arrolada por três operações fechadas a mando de seu cliente -um banco, que contrata os serviços desde 1998. "O banco fechou os negócios porque estava fazendo hedge [seguro]", afirmou o executivo, referindo-se a operação financeira com objetivo de proteção contra prejuízos futuros. O presidente do Cruzeiro do Sul criticou o argumento da CVM, de que não era crível o desconhecimento sobre esquema de perde-e-ganha. "É estapafúrdio. Significa dizer que, só porque atuamos no mercado, somos obrigados a saber de tudo o que acontece."
Na Bônus-Banval, o entendimento é que a imprensa é usada como cortina de fumaça para favorecer interesses de congressistas da CPI dos Correios. A CVM não atendeu solicitação de entrevista da Folha. (FR e JL)


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